Os idosos são vítimas em potencial dos estelionatários.
Embora não haja estatísticas a respeito, a própria
polícia admite que pessoas acima de 60 anos são
mais frágeis, principalmente em razão de seu
porte físico e da ingenuidade. Nos números oficiais,
porém, maus-tratos e abandono ainda lideram a lista
de denúncias. O número de boletins de ocorrência
registrados na Delegacia de Proteção ao Idoso
aumentou nos últimos cinco anos. Foram 418 até
16 de dezembro do ano passado, contra 212 em 1999.
Segundo o delegado Manoel Camassa, um dos maiores especialistas
em golpes, os idosos de hoje são remanescentes de uma
época romântica, quando o perfil da cidade de
São Paulo era diferente, menos violento. “As
pessoas honravam seus compromissos e os golpes eram exceções”,
diz. Na opinião dele, idosos, principalmente de classes
menos abastadas, não conseguiram acompanhar a evolução
do crime e, por isso, tornaram-se presas fáceis. “Eles
ainda confiam nos outros.”
Camassa afirma que a maioria dos idosos acaba caindo em golpes
por causa de sua ingenuidade e não por querer tirar
proveito de uma suposta situação vantajosa.
“Na hora de preencher um cheque, por exemplo, deixam
muito espaço em branco ou então permitem que
informações vazem por telefone. Isso já
é o suficiente para que pessoas mal intencionadas possam
agir contra eles”, afirma o delegado.
Manual
A preocupação da polícia com a segurança
dos aposentados é tanta que o delegado Camillo Lellis
de Salles Netto, titular da Delegacia de Proteção
ao Idoso, elaborou um manual com dicas para evitar a ação
de criminosos em agências bancárias, lojas, caixas
eletrônicos, ônibus e trens lotados e até
mesmo na rua (veja dicas ao lado) . Segundo ele, os golpes
mais freqüentes contra os idosos são aqueles em
que os estelionatários induzem a vítima a erro
para obter vantagens financeiras.
Para o promotor Édson Alves Costa, do Grupo de Atuação
Especial de Proteção ao Idoso do Ministério
Público, os mais velhos são vítimas tanto
da família — quando abandonados ou maltratados
— quanto do poder público, na medida em que não
encontram asilos, remédios gratuitos ou centros de
convivência adequados.
Costa acredita que agora, com o Estatuto do Idoso, muita
coisa vai melhorar. “O estatuto veio consolidar tudo
aquilo que já existia em leis esparsas. A partir de
agora, todos têm os mesmos direitos em nível
nacional”, diz. Segundo o promotor, o Ministério
Público tem conseguido, por meio de ações
judiciais, punir os responsáveis pelo abandono de idosos.
CRISTINA CHRISTIANO
do Diário de S. Paulo
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