SANTIAGO - A Organização
Internacional do Trabalho (OIT) afirmou nesta quarta-feira,
em um informe, que 19 milhões de pessoas estavam sem
trabalho na América Latina em 2003. A taxa de desemprego
na América Latina pode chegar a 10% em 2004, ligeiramente
abaixo dos 10,7% registrados no ano passado, por causa da
leve recuperação da economia da região,
ainda que acompanhada de uma maior instabilidade trabalhista.
A evolução do desemprego em 2003 foi similar
nos diversos países, que, em vários casos, recuperavam-se
de fortes crises financeiras e políticas que explodiram
em 2002.
"Há mais emprego, mas de menor qualidade. A produtividade
foi reduzida e a maior parte do aumento do emprego em 2003
corresponde ao setor informal", disse o organismo.
Segundo a OIT, o método de cálculo da média
do desemprego na região consiste em compilar as estatísticas
dos governos de cada país, incluindo os do Caribe,
e homologar os dados mediante a comparação com
as informações mais semelhantes. A OIT afirma
que a confiabilidade da pesquisa é de 95%.
O organismo detectou na América Latina um aumento
sistemático do emprego em condições precárias
desde 1990, ou seja, trabalho sem proteção social
e sob formas de contrato que facilitam as demissões
em períodos de baixo crescimento econômico, o
que barateia os custos trabalhistas mas não aumenta
a produtividade.
A queda de 0,7 ponto percentual no desemprego regional que
a OIT estima para 2004 baseia-se em um prognóstico
de maior crescimento da economia latino-americano neste ano,
de 3,5%.
"Isso dependerá, no entanto, especialmente da
estabilidade do comportamento da política, assim como
do dinamismo que gere a economia dos EUA", afirmou o
informe.
Nesse cenário, a OIT destaca as perspectivas de maior
crescimento esperado para o Brasil, o Equador e o México,
e a continuidade da expansão na Argentina, no Chile
e no Peru. Uruguai e Venezuela, segundo as previsões,
inverteriam o retrocesso que suas economias sofreram em 2003.
"O maior crescimento do PIB (Produto Interno Bruto)
regional será traduzido em uma menor taxa de desemprego
particularmente nesses dois países (Uruguai e Venezuela).
Algo similar se espera na Argentina, no Brasil e no México",
afirmou a OIT.
Os grupos de emprego mais vulneráveis continuam sendo
as mulheres e os jovens, que além disso trabalham em
condições de "informalidade". Ainda
que a incorporação da mulher no mercado de trabalho
tenha permitido uma redução da pobreza extrema
desde o início dos anos noventa, ainda há mais
de 227 milhões de pessoas indigentes na região.
"O fato de que tantos latino-americanos recebem recursos
insuficientes para satisfazer suas necessidades básicas
está contribuindo para erosionar a coesão social,
dificultando a governabilidade", concluiu a organização.
As informações são
do Globo Online.
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