Um dia depois de o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva exigir que os ministérios
fixem metas para a criação de empregos este
ano, o ministro das Cidades, Olívio Dutra, anunciou
ontem a liberação de R$ 12,1 bilhões
para as áreas de habitação e saneamento
básico em 2004, setores tradicionalmente com grande
capacidade para abrir vagas. Esses recursos equivalem a quase
o dobro do que foi investido em 2003.
Do total, R$ 7,4 bilhões serão destinados à
construção de moradias e R$ 4,6 bilhões,
a obras de tratamento de água e esgoto. O problema
é que, destes R$ 4,6 bilhões, o governo só
dispõe de R$ 1,8 bilhão. Para aplicar todos
os recursos, é necessária uma autorização
do Fundo Monetário Internacional (FMI). O governo espera
que as verbas permitam a criação, no total,
de 1,47 milhão de postos de trabalho.
Dutra disse que, para aplicar todo o dinheiro, principalmente
em saneamento, o governo estuda a possibilidade de aumentar
o limite de endividamento do setor público, hoje em
R$ 2,9 bilhões, acertado com o FMI. Segundo o ministro,
o assunto está sendo discutido por um grupo de trabalho
formado por representantes do Ministério das Cidades,
do Tesouro Nacional e do Banco Central (BC).
'Esses R$ 2,9 bilhões podem ser ampliados, dependendo
das respostas às medidas macroeconômicas tomadas
pelo governo", disse o ministro, destacando que investir
em saneamento é uma das prioridades de Lula, como forma
de reduzir a elevada taxa de desemprego no país (12,2%
em novembro).
Dutra afirmou que o governo anterior só aplicou R$
273 milhões em saneamento básico nos últimos
quatro anos, por causa do teto de endividamento para estados
e prefeituras, de R$ 200 milhões. No fim de 2003, o
limite subiu a R$ 2,9 bilhões.
O secretário Nacional de Saneamento do Ministério
das Cidades, Abelardo Oliveira Filho, disse, no entanto, que
boa parte dessa folga já foi usada em dezembro do ano
passado (pico das contratações em saneamento).
Com isso, restou apenas R$ 1,8 bilhão, o que poderá
levar o governo a pedir ampliação desse valor,
se quiser emprestar tudo o que prometeu para o saneamento
básico.
"A rigor, o que está garantido para o saneamento
básico é essa sobra de R$ 1,8 bilhão",
disse o secretário.
Do orçamento previsto para saneamento este ano, de
R$ 4,69 bilhões, R$ 1,8 bilhão virá do
Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), R$ 1,19
bilhão, do Orçamento Geral da União e
R$ 1,6 bilhão, do BNDES. Como este é um ano
de eleições municipais, Dutra disse que o governo
pretende agilizar as liberações dos recursos
do FGTS ainda no primeiro trimestre e elaborar um marco regulatório
para a área de saneamento, a fim de que o BNDES possa
emprestar ao setor. Uma das saídas, nesse caso, será
tentar atrair as empresas privadas.
O maior volume de recursos para o setor da habitação,
de R$ 4,05 bilhões, virá do FGTS. O restante
sairá da Caixa Econômica Federal, que aplicará
R$ 1,5 bilhão em recursos próprios e do Fundo
de Amparo ao Trabalhador (FAT), que destinará R$ 200
milhões para financiamento da compra de material de
construção. Estão incluídos R$
1 bilhão do Fundo de Arrendamento Residencial (PAR)
e R$ 654 milhões do Orçamento.
Segundo o Ministério das Cidades, até novembro
o governo havia investido R$ 4,2 bilhões dos R$ 5,3
bilhões anunciados no início de 2003 em habitação.
Dutra garantiu que todo o montante anunciado para as duas
áreas este ano será executado.
Ele disse que no valor total dos investimentos já
foram incluídas as emendas dos parlamentares, com exceção
de um programa de infra-estrutura criado por eles. Também
ficaram fora os R$ 600 milhões que serão destinados
ao programa de transporte, com o qual o governo pretende criar
30 mil empregos.
Ontem, o ministro do Trabalho, Jaques Wagner, disse que,
se o Brasil crescer 3,5% em 2004 e nos próximos anos,
o governo deve gerar sete milhões de empregos até
2006. Com isso, o governo Lula cumpriria 70% da promessa da
campanha eleitoral, de dez milhões de vagas. Wagner
acredita que serão gerados dois milhões de empregos
formais em 2004.
As informações são
do jornal O Globo.
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