O nível de emprego na indústria
de transformação paulista deverá crescer
até 0,5% neste ano em relação a 2002,
o que representará a criação de 2.000
a 5.000 vagas. A estimativa foi apresentada ontem pela Fiesp
(Federação das Indústrias do Estado de
São Paulo) e representa uma revisão da projeção
mantida até outubro de eliminação de
6.000 postos de trabalho neste ano.
A mudança na previsão foi consequência
da confirmação de retomada em novembro, quando,
ao se expandir em 0,29%, o nível de emprego cresceu
pelo terceiro mês consecutivo. Em termos percentuais,
trata-se do melhor resultado para um mês de novembro
desde 1994.
No total, foram criadas 4.418 vagas no último mês.
No ano, o saldo está positivo em 9.956 postos de trabalho
criados. Deverá cair, no entanto, porque dezembro,
tradicionalmente, é um mês de demissões
na indústria.
Se confirmada a nova previsão da Fiesp, 2003 será
o segundo ano, desde 1995, no qual o saldo entre contratação
e demissão na indústria paulista será
positivo. Isso ocorrera em 2000, quando haviam sido geradas
27.416 vagas.
Os dados recentes confirmam, segundo Clarice Messer, diretora
da Fiesp, a percepção de que um ciclo de crescimento
está se iniciando. "O mês de novembro, claramente,
revela uma melhoria no nível de emprego", afirma
Clarice.
Apesar da recuperação, ressalva a diretora da
Fiesp, o nível de emprego na indústria continua
baixo, se comparado a anos anteriores. Em relação
a novembro de 1994, por exemplo, o universo de trabalhadores
empregados na indústria de transformação
continua em patamar 30% inferior.
Concentração
Os dados divulgados ontem pela Fiesp confirmam tendência
verificada pela produção industrial, medida
pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística),
de recuperação ainda restrita aos setores de
bens de capital e bens de consumo duráveis.
"Além das áreas ligadas à exportação,
há focos de recuperação tanto em bens
de capital como em bens duráveis", diz Clarice.
Os dados acumulados entre janeiro e novembro deste ano mostram
que os setores com maior geração de emprego
na indústria paulista ainda são aqueles voltados
para a produção externa. São os casos
de congelados (17,7%), calçados de Franca (17,2%) e
matérias-primas e fertilizantes (9%).
Mas há exemplos de setores de bens de capital com boa
expansão no nível do emprego industrial no ano,
como materiais e equipamentos ferroviários (8,3%) e
máquinas (5,3%).
Já entre os segmentos que mais eliminaram vagas estão
os ligados à construção civil.
Em novembro, se destacaram, principalmente, setores favorecidos
pelas festas de fim de ano, como doces e conservas alimentícias
(3,47%) e gráficas (2,83%).
Mas há também exemplos de indústrias
de bens de capital que continuaram o processo de retomada
de contratações em novembro, como máquinas
(0,78%) e materiais e equipamentos ferroviários (3,43%).
Já os setores mais dependentes de recuperação
no nível de renda, como malharias e meias e bebidas
em geral, continuam demitindo.
Érica Fraga,
da Folha de S.Paulo.
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