As principais correntes que controlam
o PT pedem "mais eficácia" ao governo do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em análise
interna de sua gestão.
"Passado quase um ano de governo, crescem as exigências
por uma ação governamental mais eficaz",
afirma documento elaborado pelo chamado campo majoritário
petista.
"Na medida em que o tempo vai passando, erros administrativos,
decisões equivocadas, omissões, falta de articulação
interna, escassez de iniciativas e projetos horizontalizados
são questões que devem ser mudadas e aperfeiçoadas",
diz o documento a ser votado em reunião do próximo
final de semana dos 81 membros do Diretório Nacional
do PT.
O campo majoritário, responsável pelo texto,
inclui tendências como a Articulação (da
qual faz parte, por exemplo, o ministro da Casa Civil, José
Dirceu) e o PT de Luta e de Massas (integrada pelo ministro
da Previdência, Ricardo Berzoini, entre outros).
Os petistas farão uma análise da gestão
Lula na reunião do diretório. Os debates internos
terão como base oito teses apresentadas por diversas
tendências do partido, que ainda têm de ser votadas
pelos membros do diretório e podem ser alteradas por
emendas.
A tese-guia será a do campo majoritário, que
reúne cerca de 70% dos votos do Diretório Nacional.
Apesar de classificar como necessária a política
econômica adotada pelo ministro Antonio Palocci Filho
(Fazenda), ela faz crítica sutil à sua condução
até aqui.
"Há no PT e fora dele opiniões que sustentam
que a política monetária poderia ter sido afrouxada
há mais tempo e com uma queda mais veloz na taxa de
juros", diz a tese do campo majoritário.
O texto reconhece que a "taxa de desemprego se mantém
em níveis alarmantes". "O governo não
conseguiu, com exceção do Primeiro Emprego,
implementar medidas pró-ativas específicas para
a geração de empregos", admitem os próprios
petistas que controlam a máquina partidária.
Reclamam a necessidade de uma "agenda concreta para tratar
da microeconomia de forma articulada com os setores produtivos,
com o objetivo de incrementar o desenvolvimento e o emprego".
Como resposta ao que definem como a "dramaticidade do
desemprego", os petistas sugerem a criação
de um Grupo de Trabalho Interministerial para estudar, com
as centrais sindicais, políticas para a geração
de empregos.
O campo majoritário do PT defende a necessidade das
reformas da Previdência e tributária, em votação
no Congresso Nacional, e aponta como prioridade para 2004
a aprovação das reformas trabalhista, judiciária
e política.
No caso da reforma trabalhista, a enfrentar fortes resistências
internas e no campo sindical, o PT se compromete a defender
"direitos básicos, como repouso semanal, 13º
salário, férias, licença-maternidade
e fundo de garantia".
A reunião do Diretório Nacional, a ser realizada
no sábado e domingo, em um hotel de Brasília,
sacramentará a expulsão da senadora Heloísa
Helena (AL) e dos deputados federais João Batista Abreu,
o Babá (PA), João Fontes (SE) e Luciana Genro
(RS).
"O PT não vacilou e não pode vacilar no
apoio ao governo. Não apoiar o governo ou apoiá-lo
de forma tíbia significaria colocar em risco a governabilidade
e disseminar a desconfiança sobre a capacidade do PT
de governar", diz o campo majoritário.
Em relação às eleições
municipais de 2004, os petistas afirmam que as condições
do país, especialmente da economia e a avaliação
popular do desempenho do governo Lula, serão "variáveis
influentes" na eleição.
Pregam a necessidade de que os petistas saiam em defesa de
Lula. A política de alianças proposta prevê
que acordos com partidos que não compõem a base
de sustentação do governo, como PSDB e PFL,
tenham de obter autorização da Executiva Nacional
para serem efetivados.
Plínio Fraga,
da Folha de S.Paulo.
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