SÃO PAULO - O presidente
Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem, em São
Paulo, que o Brasil não precisará de ajuda externa
no combate à fome. Disse que fez um ''milagre'' em
13 meses de governo e que acabar com o problema é apenas
uma questão de tempo: ''Pouco tempo'', emendou, no
discurso de abertura da feira Expo Fome Zero, evento que exibe
ações de empresas públicas e privadas
no programa social do governo.
O presidente atribuiu o problema da fome no país a
uma desigualdade social secular e à concentração
de renda. Segundo Lula, ''moldou-se uma bem azeitada máquina
de desigualdade social. Quando se aciona o acelerador da riqueza,
aciona-se o freio da distribuição''.
"A única razão pela qual ainda há
gente no Brasil passando fome é o desacerto histórico
da política de distribuição de renda
do nosso país", afirmou.
Apesar de ter proposto um fundo mundial contra a pobreza,
Lula assegurou que o Brasil não precisará de
ajuda externa para erradicar a fome:
"Deus pôs os pés aqui e falou: 'Aqui vai
ter tudo. É só os homens e mulheres terem juízo
que as coisas vão dar certo'. Vamos fazer este país
dar certo sem pegar dinheiro de fora".
Antes, o ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias,
havia dito ter sido questionado sobre os motivos de tantas
desigualdades num país tão promissor.
"Eu diria, Patrus, que acabar com a fome no Brasil é
apenas uma questão de tempo. Nós vamos fazer.
Porque vocês vão perceber aqui, no meu discurso,
o milagre que aconteceu neste país em pouquíssimo
tempo", disse Lula, sem definir prazos.
Bem-humorado, Lula fez um balanço de sua atuação
no combate à fome até agora. Segundo ele, o
Fome Zero está hoje em 2.369 municípios, atendendo
1,9 milhão de famílias.
"Volto para Brasília com a certeza de que o passo
que vocês deram hoje nesta exposição demonstra
uma tese que venho defendendo há alguns anos: não
tem ser humano 100% mau, como não tem ser humano 100%
bom", afirmou.
Além de Ananias, Lula e a primeira-dama, Marisa Letícia,
estavam acompanhados dos ministros Luiz Gushiken (Comunicação)
e Roberto Rodrigues (Agricultura). A platéia era formada
por empresários e personalidades dos meios artístico
e esportivo. Todos acompanharam uma espécie de desfile
que ostentou as ações do programa.
O presidente agradeceu aos empresários e minimizou
a importância do governo no combate à fome. Segundo
Lula, ele não deseja ser um ''indutor'' do combate
à fome, mas um ''provocador''. O presidente aproveitou
para criticar antecessores.
"Eles (empresários) fizeram mais em um ano do
que muita gente fez enquanto foi governo em cinco ou seis
anos".
Segundo o assessor especial da Presidência, Frei Betto,
Lula afirmou que os R$ 15 bilhões destinados à
área social este ano não serão contingenciados.
As informações são
do Jornal do Brasil.
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