Não
há como negar que a China se tornou um caso exemplar
de pujante crescimento econômico para o mundo. A locomotiva
chinesa acumula expansões sucessivas em seu PIB nos
últimos 23 anos, com uma média de crescimento
de 8% somente nos últimos oito anos. Em todo esse período
viveu apenas duas arrancadas inflacionárias: uma no
fim da década de 80 e outra entre 1993 e 1994.
Suas exportações saltaram de pouco mais de
US$ 18 bilhões em 1980 para US$ 438,4 bilhões
no ano passado. Acumula reservas internacionais de US$ 582
bilhões, é responsável por 7% do consumo
mundial de óleo cru, por 31% do de carvão e
por 27% do de produtos em aço.
Em contraste, convive com alguns problemas igualmente grandiosos.
Da população de 1,285 bilhão de chineses,
250 milhões vivem num padrão de vidamedianamente
abastado. Outros 30 milhões ainda estão abaixo
da linha de pobreza. A renda per capita é de US$ 1.131.
A brasileira anda na casa dos US$ 2.855.
As taxas anuais de desemprego são relativamente baixas,
rondam os 4%, mas os salários também o são
e as relações trabalhistas têm poucas
garantias e direitos. A demanda da emergente classe média
por consumo, aliada à abertura comercial da última
década, tem pressionado a inflação. Há
quem critique e aponte graves falhas no sistema bancário
e no financeiro, que poderiam, por exemplo, gerar uma crise
de confiança, em especial no mercado externo.
O câmbio fixo em relação à moeda
americana - de 8,28 yuans por dólar - também
é alvo de críticas, já que barateia o
custo dos produtos do país no mercado mundial e provoca
a chamada "competição desleal".
Para equacionar toda essa conjuntura, o governo chinês
tem feito seu dever de casa. Caminha para uma reforma fiscal,
aperta o orçamento das empresas estatais e da máquina
do estado, inibe novos empréstimos, tenta desacelerar
a construção civil, prospecta parceiros mundo
afora para garantir suas demandas por matérias-primas
e estancar qualquer suspiro inflacionário.
É nessa última etapa que entra o Brasil e seus
interesses comerciais no vasto mercado consumidor chinês,
seja para a soja, para o minério, para o petróleo,
para o setor financeiro. Não é à toa.
Após uma relação formalizada de 30 anos,
o governo brasileiro tenta se aproximar ainda mais do parceiro
que, junto com Índia e Rússia, forma o grupo
emergente com maior potencial para desbancar até 2050
as hoje seis maiores economias mundiais.
As conveniências para ampliar essa relação
são facilmente identificáveis tanto para China,
quanto para o Brasil. Mas o caminho a percorrer é longo.
As exportações brasileiras para a China, apesar
de estarem crescendo em grande ritmo ainda são ínfimas.
Não chegam a dez as empresas brasileiras enraizadas
em território chinês. Os empresários chineses,
por sua vez, vendem muito para cá - e para todo o mundo
- mas ainda não há significativos investimentos
diretos no país.
No próximo dia 23, o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva desembarca em Pequim, para dar impulso a essa
aproximação. Uma vasta comitiva de empresários,
banqueiros e potenciais investidores estará acompanhando
a visita presidencial. Para discutir o desafio de uma aproximação
maior entre os dois países, a Bolsa de Mercadorias
& Futuros (BM&F) e o Itamaraty realizarão seminários
na China, que terão cobertura em tempo real do Globo
Online.
Até lá, este site especial apresentará
um pouco da relações entre dois países
tão diferentes e tão cheios de semelhanças
e seus desafios para o futuro.
As informações são
do Globo Online.
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