O Fundo das Nações
Unidas para a Infância (Unicef) lança nesta quinta-feira
um relatório sobre a situação da infância
brasileira. O relatório mostra que crianças
cujas mães têm baixa escolaridade têm quatro
vezes mais possibilidade de ter que trabalhar do que as demais,
sete vezes mais possibilidade de ser pobre, 22 vezes mais
possibilidade de não freqüentar a escola, 16 vezes
mais chance de morar em casa sem abastecimento de água
e 23 vezes mais chance de não ser alfabetizada.
A situação das crianças negras é
pior. Segundo o relatório, elas têm duas vezes
mais chance de morar em casa sem abastecimento de água
do que as crianças brancas, duas vezes mais chance
de serem pobres e de não freqüentar a escola e
três vezes mais chance de não serem alfabetizadas.
Já no relatório "Situação
Mundial da Infância", o Brasil aparece em 93º
lugar, melhorando apenas uma posição em relação
ao ano passado (92º) entre 130 países no ranking
do Unicef, no qual o 1º da lista é onde a situação
das crianças é pior. O ranking é feito
pelo índice de mortalidade até os cinco anos
de idade. Apenas Guiana, Bolívia e Peru na América
Latina têm uma colocação pior que a brasileira.
O país onde a situação das crianças
é a pior do mundo é Sierra Leoa e o melhor,
a Suécia.
O foco do relatório é a igualdade da educação
para meninos e meninas. No mundo, as meninas são a
maioria fora da escola. No Brasil é o contrário.
O país é citado por estar apresentando um problema
maior de meninos deixando a escola, assim como em outros países
da América Latina e também dos países
desenvolvidos. Diz o relatório que a desigualdade de
gênero contra os meninos começa a aparecer aos
10 anos, quando eles começam a abandonar a escola em
uma taxa superior à das meninas. No Brasil, na faixa
entre 15 e 17 anos, 19,2% dos meninos já deixaram a
escola pelo menos uma vez, enquanto entre as meninas o índice
é de 8,5%.
LISANDRA PARAGUASSÚ
De O Globo
|