BRASÍLIA - Consciente de
que o crescimento econômico de 3,5% previsto para este
ano será insuficiente para diminuir o número
de desempregados do país, o governo Luiz Inácio
Lula da Silva quer direcionar os investimentos para os setores
que mais geram postos de trabalho. O ministro do Trabalho
e Emprego, Jaques Wagner, afirmou que se o país crescer
3,5% em 2004 e nos próximos anos, o governo deve conseguir
criar 7 milhões de empregos até 2006, ou seja,
70% da promessa de campanha (10 milhões de vagas).
A semana passada foi marcada por reuniões entre o
presidente e seu ministério para definir metas e encontrar
alternativas para que o país cresça com sustentabilidade
e gerando novos postos. O ministro das Cidades, Olívio
Dutra, anunciou um investimento de R$ 12,15 bilhões
que deve contribuir para a criação de 1,471
milhão empregos diretos e indiretos, sem considerar
as 276 mil vagas que já estariam garantidas pela execução
de contratos firmados recentemente com Estados, municípios
e companhias de água e esgoto. Cada R$ 1 milhão
investidos na área de saneamento geram 161 empregos.
Se os recursos forem integralmente aplicados, a expectativa
é de que outros 800 mil empregos sejam criados na construção
civil. Além disso, o governo acredita que o agronegócio
vá empregar 1,3 milhão pessoas este ano, se
confirmadas as expectativas de crescimento do setor.
O economista Lauro Ramos, do Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (Ipea), diz que 2004 será marcado pela substituição
de empregos considerados de ''má qualidade'' por outros
com melhor remuneração. A taxa de desemprego
pode não apresentar uma queda considerável -
deve cair um ou dois pontos percentuais -, mas a renda do
trabalhador deve subir. Para Ramos, um crescimento de 3,5%
neste ano traz importantes resultados para o mercado de trabalho,
que está bastante debilitado, mas não deve haver
uma resposta imediata na taxa do desemprego.
"O mercado de trabalho está na UTI. Um crescimento
de 3,5% a 4% pode tirar o paciente da UTI, mas não
significa que ele vai ter alta. A meta de gerar emprego não
vai se dar apenas com o crescimento econômico",
afirmou Ramos.
Segundo o economista, as medidas anunciadas pelo governo,
como o programa do primeiro emprego, não geram novos
postos de trabalho.
"Esse tipo de medida é bem-vindo quando o mercado
de trabalho não está tão debilitado",
afirmou.
De acordo com Ramos, a reforma trabalhista e a desoneração
da folha de pagamentos podem ajudar a melhorar o mercado de
trabalho. Investimentos setoriais, como vem propondo o governo
Lula, não têm, necessariamente, reflexo em empregos
na indústria.
Wagner acredita que com o crescimento de 3,5% poderão
ser geradas 2 milhões de vagas. No ano passado, mesmo
com a crise, foram criados 1 milhão de empregos formais.
Para reduzir significativamente a taxa de desemprego, porém,
o Brasil precisaria crescer entre 5% e 6% ao ano. Só
assim seria possível absorver o atual estoque de desempregados
e mais 1,5 milhão de pessoas que entram anualmente
no mercado.
As informações são
do Jornal do Brasil.
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