Centrais
sindicais, sindicatos e entidades ligadas a movimentos populares
deram um ultimato ao governo Lula e ameaçam paralisar
fábricas, realizar manifestações e levar
trabalhadores às ruas em protesto à política
econômica petista e ao desemprego no país.
No ABC paulista, berço político do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, os metalúrgicos vão
fazer manifestações e mobilizações
nas fábricas da região para pedir correção
da tabela de Imposto de Renda e redução da taxa
de juros.
"Não estamos cogitando atacar o Palocci [ministro
da Fazenda, Antonio Palocci], mas é necessário
que a política econômica traga novos ingredientes,
principalmente a retomada da queda de juros", disse o
presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (filiado
à CUT), José Lopez Feijóo.
O pedido para que o governo reduza os juros ocorrerá
com as manifestações pela correção
da tabela do Imposto de Renda da pessoa física. A categoria
deve fazer um protesto em frente à sede da Receita
Federal, em São Paulo, onde serão entregues
centenas de cópias de contracheques de metalúrgicos
ao governo. Painéis serão montados para mostrar
"o tamanho da mordida do leão", diz.
Para ajudar no combate ao desemprego, Feijóo diz que
uma saída seria investir R$ 3 bilhões para empregar
1 milhão de jovens e estudantes em serviços
sociais. "Eles poderiam estudar e investir em formação
durante 20 horas semanais e nas demais 20 horas trabalhar
para a comunidade." A idéia já foi levada
ao governo.
Nas ruas
A Força Sindical entregou ontem carta a Lula
em que pede um novo modelo econômico para diminuir as
desigualdades sociais. O documento diz que o desemprego atingiu
um "nível de calamidade pública" e
ressalta que esse é um "exemplo de descontrole
na gestão das políticas públicas".
"Se o governo mantiver essa política econômica,
que só traz recessão, desemprego e favorece
os banqueiros, está fadado ao fracasso", disse
o presidente da Força, Paulo Pereira da Silva, candidato
à Prefeitura de São Paulo.
A central marcou para o dia 24 protestos e paralisações
que devem ocorrer em todas as capitais, às 10h. "As
principais metalúrgicas vão parar nesse dia.
Os trabalhadores estão se sentido traídos. O
desemprego aumentou, a renda está em queda e, quando
o trabalhador consegue reajuste, ele vai embora com o IR",
disse o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de
São Paulo, Eleno Bezerra. Na Grande São Paulo,
diz, 50 mil devem parar.
A Coordenação dos Movimentos Sociais --que
inclui CNBB, CUT, MST e UNE, além de movimentos populares--
já está também preparando um conjunto
de mobilizações envolvendo desempregados. O
calendário das manifestações será
discutido no próximo dia 13, em São Paulo. Uma
das idéias é montar um acampamento com desempregados
no centro.
CLAUDIA ROLLI
da Folha de S.Paulo
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