Na tentativa
de minimizar os riscos de racionamento na Grande São
Paulo, o governador Geraldo Alckmin anunciou ontem um programa
que prevê desconto automático de 20% no valor
das contas de água para moradores da Capital e mais
28 municípios da região metropolitana que reduzirem
seu consumo mensal em pelo menos 20%. Em algumas outras cidades,
o desconto deve ser dado pela autarquia local.
Apesar dessa medida, que entra em vigor na segunda-feira
(15), o Governo estadual somente descarta o racionamento durante
este mês. A situação dos reservatórios
não é confortável: o Sistema Cantareira,
que abastece metade da Grande São Paulo (cerca de 9
milhões de pessoas), operava ontem com apenas 17,1
% de sua capacidade. Um ano atrás, o índice
era de 49,2%. Alckmin negou que a medida seja eleitoreira
— afirmou tratar-se de “bom senso”.
Com o desconto, a empresa calcula queda de 5% na sua receita
mensal, de R$ 350 milhões. A decretação
do rodízio custaria R$ 56 milhões.
Segundo o presidente da Sabesp, Dalmo Nogueira, o anúncio
de racionamento no Cantareira é possível, mas
não provável: “Se chover na média
(histórica) este ano, a gente passa sem racionamento
com tranqüilidade. Se chover 75% da média, a gente
passa. Se não chover, vai ter de racionar”.
O programa de descontos começa a vigorar no dia 15
e vai até setembro. As contas informarão aos
consumidores a meta de consumo que deve ser atingida para
que o benefício seja obtido, ela equivalerá
a 80% da média de consumo entre março e agosto
de 2003. A partir de abril, quem atigir a meta terá
o desconto, o último virá em outubro. No caso
dos condomínios, o consumo de água das unidades
é desigual, mas a meta será única. Além
de ganhar o desconto, quem reduzir o consumo em 20% poderá
se enquadrar numa faixa de preço na qual o valor do
metro cúbico (1 m³ é igual a mil litros)
de água é mais barato. O sistema tarifário
da Sabesp é progressivo: quanto maior o consumo, mais
caro é o valor do m³. Usuários que gastam
na faixa mínima (até 10 m³/mês) também
terão direito ao desconto de 20%.
Com a campanha “Olha o Nível”, iniciada
em outubro de 2003, a Sabesp reduziu em 10% o consumo de água
na Grande São Paulo ,hoje, de 180 litros/dia por pessoa.
Para a Organização Mundial da Saúde (OMS),
esse índice ainda pode cair, para 100 litros/dia.
PATRÍCIA EVELYN
do jornal Diário de S.Paulo
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