BRASÍLIA.
Pressionado pela ansiedade dos petistas com a retomada do
crescimento da economia e pela necessidade de dar apoio ao
governo Lula, o presidente do PT, José Genoino, mudou
mais uma vez seu discurso e estava ontem mais afinado com
as bases do partido, mesmo reafirmando que o PT não
questiona a política macroeconômica do ministro
da Fazenda, Antonio Palocci. Genoino esclareceu que a nota
da executiva nacional do PT tinha como objetivo afirmar que
só a estabilidade não basta e que é preciso
uma política ativa de promoção do desenvolvimento.
Genoino explicou que durante a tramitação das
reformas tributária e da Previdência, no ano
passado, o partido e o governo se confundiram, pois era fundamental
a aprovação da reforma da Previdência,
mas que agora é preciso afirmar sua autonomia.
”Partido é partido, governo é governo.
Estamos praticando uma política de autonomia mediada,
relativa. Quando falamos em mudança não estamos
dizendo que queremos desfazer o que já foi feito, mas
que só isso não basta e que precisamos de uma
política de desenvolvimento”, disse Genoino.
O presidente do PT considera que a equipe econômica
não pode aceitar a redução de seu papel
à questão macroeconômica e deve pôr
no mesmo status de preocupação as questões
da microeconomia. Esta postura, segundo Genoino, não
tem o objetivo de estabelecer um confronto mas o de criar
uma corrente pelo desenvolvimento, pois o ajuste fiscal e
monetário não pode ser um fim da política
econômica, mas um meio para se criar mais empregos e
impulsionar o crescimento.
”Não queremos alterar o que o governo está
fazendo, queremos é fazer mais. Há um consenso
de que não podemos fazer mudanças aventureiras
nas políticas monetária, cambial e fiscal. Mas
é preciso mais ousadia na promoção do
desenvolvimento”, afirmou Genoino.
Mesmo assim, ele reconheceu que há muita inquietação
no partido com a demora do espetáculo do crescimento
anunciado pelo presidente Lula em meados do ano passado. Mas
fez questão de ressaltar que o documento do diretório
nacional do PT em nenhum momento questiona o superávit
primário de 4,25% e nem a política de juros.
Eleições
Acrescentou que os petistas também evitaram caracterizar
a política econômica como ortodoxa ou conservadora.
Por isso, a posição petista estaria mais relacionada
com a necessidade do PT de reafirmar seu compromisso com o
desenvolvimento, tendo em vista as eleições
municipais de outubro, do que a uma crítica aos rumos
da economia.
”O PT é um partido grande e complexo e estamos
nos preparando para ganhar as eleições”,
resumiu Genoino.
As informações são
do jornal O Globo.
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