Sob uma
bateria de críticas e cobranças de parlamentares
governistas e de oposição, o secretário
do Tesouro Nacional, Joaquim Levy, defendeu ontem, no Congresso,
a continuidade da política de controle dos gastos públicos:
"O ajuste foi feito; não necessariamente o esforço
acabou".
Levy, em exposição à Comissão
Mista de Orçamento sobre o cumprimento das metas fiscais
de 2003, acabou instado a comentar até a nota divulgada
na semana passada pelo PT defendendo mudanças na economia
em favor do crescimento e do combate ao desemprego. Saiu pela
tangente, tentando mostrar afinação entre o
partido e o governo: "Não me surpreende em nada.
Promover o desenvolvimento econômico e a geração
de emprego é exatamente o que estamos procurando fazer".
Defendeu, ainda, a meta de superávit primário
(a economia de receitas destinadas a pagar juros da dívida)
de 4,25% do Produto Interno Bruto, que grande parte dos petistas
quer ver reduzida. "Os 4,25% não são impedimento
para o crescimento."
Levy, que participou da equipe econômica do governo
FHC, encabeça, com o secretário de Política
Econômica, Marcos Lisboa, o time de assessores de pensamento
liberal do ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda). Por isso,
e por ser o responsável pelo controle dos gastos, é
alvo freqüente de ataques no PT e no governo.
"Enorme frustração"
Na sessão de ontem, seis deputados de partidos aliados
-a metade deles, do PT- e quatro de oposição
se uniram para reclamar dos resultados da política
econômica e pedir o abrandamento do superávit
primário e dos juros.
O discurso mais duro foi o de Ivan Valente (PT-SP): "Tenho
uma enorme frustração com o que foi feito de
política econômica até agora pelo nosso
governo", disse. "Não consigo ver sustentabilidade
nesse modelo." Ligado à esquerda do partido, Valente
aplicou a Levy o rótulo de "radical". "Considero
o senhor e outros do Ministério da Fazenda radicais.
Radicais do superávit primário."
GUSTAVO PATÚ
da Folha de S.Paulo
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