Mais importante economia do país e dependente da indústria,
São Paulo perdeu peso no PIB (Produto Interno Bruto)
nacional, enquanto Estados com vocação agropecuária
e o Distrito Federal avançaram no período de
1985 a 2001. Divulgados ontem, os dados são das Contas
Regionais do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Por causa da perda relativa da indústria (representava
51,6% do PIB industrial nacional em 1985 e passou para 41,8%
em 2001), a participação do PIB de São
Paulo ficou 2,7 pontos percentuais menor -ou R$ 32,4 bilhões
a menos no produto, a preços de 2001.
Para o IBGE, um dos motivos foi a guerra fiscal, que levou
a industrialização para outras regiões
do país. "Esse movimento é explicado pelo
avanço de outros Estados, especialmente do Nordeste
e do Sul, que atraíram empresas com incentivos fiscais",
disse Gilda Santiago, chefe da Coordenação de
Contas Nacionais do IBGE.
Apesar da perda, São Paulo ainda representa 33,4%
do PIB do país -era 36,1% em 1985. Em 2001, o PIB de
São Paulo somou R$ 400,6 bilhões, cifra muito
maior do que a do Rio, o segundo colocado (R$ 148 bilhões).
O Distrito Federal ganhou 1,4 ponto percentual de 1985 a
2001, o que corresponde a R$ 16,8 bilhões. Segundo
o IBGE, há duas causas para o crescimento do Distrito
Federal: os juros altos cobrados pelos bancos -dois estatais
têm sede lá, a Caixa Econômica Federal
e o Banco do Brasil- e os gastos da administração
pública federal, que se concentram em Brasília.
Seu peso no PIB do país era de 1,4% em 1985. Passou
para 2,8% em 2001.
No período, as economias que mais cresceram foram
as de Mato Grosso e do Amazonas -228% e 223%, respectivamente.
Também tiveram expansões significativas Estados
do Norte com vocação agropecuária, como
Roraima (126%) e Amapá (103%).
O Rio foi o Estado com pior desempenho. A crise do início
da década de 90, quando diversas empresas deixaram
o Estado, fez o PIB regional crescer apenas 27% de 1985 a
2001. No período, o produto do país subiu 49%
-3,1% ao ano.
Centralização Apesar da aparente desconcentração
regional, os dados do IBGE revelam que o país continua
com a economia centralizada no eixo Sul/Sudeste.
Apenas sete Estados, a maioria dessas regiões, representam
77% do PIB. Em 1985, o percentual era de 81%. O produto está
concentrado em São Paulo, Rio, Minas Gerais, Rio Grande
do Sul, Paraná, Bahia e Santa Catarina. Sozinho, o
Sudeste concentra 57,1% do PIB do país.
Em 2001, os melhores desempenhos do PIB ficaram com Estados
onde o agronegócio é dinâmico. O Mato
Grosso do Sul liderou o ranking, com crescimento de 8,1%.
A seguir, Mato Grosso (6,7%), Rondônia (6,5%), Roraima
(5,9%) e Amapá (5,7%). O Ceará foi o único
com queda, de 1,1%. Na média nacional, a expansão
foi de 1,3%.
PEDRO SOARES
da Folha de S.Paulo
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