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O Brasil
tem hoje um dos cinco ecossistemas mais ricos do mundo, a
Mata Atlântica, a Amazônia -"pulmão
da Terra", além de reservas de águas invejadas
por muitos paises. No entanto, ainda há 6 milhões
de brasileiros vivendo em áreas degradadas, ou em locais
sem água tratada e saneamento básico. Atingir
então o sétimo Objetivo de Desenvolvimento do
Milênio (OBM) - que é garantir a sustentabilidade
ambiental - não será tarefa fácil, apontam
especialistas.
"Falta muito ainda a se fazer. Hoje a gente vive num
país onde é: 'Salve-se quem puder'. É
complicado você querer atingir uma meta se tem essa
dificuldade em fazer um planejamento. As ações
são muito reativas. Desmata a floresta, então
se cria uma fiscalização. Depois de cinco ou
seis derramamentos de petróleo no mar, aí sim
decidem cobrar alguma ação da empresa. Não
tem uma base para ação", acredita Mário
César Mantovani, diretor Institucional da Fundação
SOS Mata Atlântica.
Isso porque, uma das metas a serem superadas no sétimo
objetivo é integrar os princípios do desenvolvimento
sustentável nas políticas e programas nacionais
e reverter a perda de recursos ambientais. "O primeiro
passo é conhecer mais sobre os recursos naturais, quais
são suas qualidades, para valorizar. Mas as pessoas
não entendem. O que mata o país é a ignorância.
Não tem capacitação e nem pesquisa nesta
área. Seria muito fácil culpar o crescimento
econômico, os problemas atuais, mas o país não
está preparando pessoas cidadãs. Não
se descobriu ainda o valor do meio ambiente. Ninguém
protege o que não conhece. As pessoas acham que é
franquia, que Deus deu, e aí pode usar do jeito que
quiser", aponta Mantovani.
Essa postura adotada pelos brasileiros tem acarretado sérios
problemas para o meio ambiente. A Amazônia, por exemplo,
já perdeu 570 mil km2 de florestas, o equivalente a
15% de sua área original, devido a processos de assentamento
e de colonização e de expansão da fronteira
agropecuária. De acordo com o Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais (Inpe), a média anual de desmatamento
foi da ordem de 17,6 mil km2 de 1994 a 2001. Dados do Ministério
do Meio Ambiente apontam que a taxa de desmatamento das florestas
amazônicas para o período de agosto de 2002 a
agosto de 2003 foi de 23.750 km2. A área desmatada
no período é a segunda maior registrada na Amazônia,
sendo superada somente pela marca histórica de 29.059
km2 devastados em 1995. O Estado do Mato Grosso, com 10.416
km2 responde por 43,8% da área total desmatada.
Porém, a Mata Atlântica é a floresta
mais ameaçada. Sua área original, de 1,36 milhão
de km2, foi reduzida para menos de 8%. Segundo dados do relatório
de monitoramento das Metas do Milênio, apresentando
em setembro, pelo governo federal com a participação
de diversas entidades, de 1985 a 1995, cerca de 10 mil km2
foram desmatados, representando perda de 11% de seus remanescentes.
"Hoje, 90% da mata está devastada por causa da
agricultura, mas só 40% é realmente utilizada.
O resto está lá abandonado. Para cada quilo
de alimento produzido no Estado de São Paulo, perdem-se
10 quilos de solo. Ou seja, não consegue garantir a
sustentabilidade do solo porque tirou todas as florestas dali",
explica Mantovani.
A degradação não pára por aí.
O Cerrado é o segundo maior bioma brasileiro, localizado
em uma grande área do Brasil Central, com mais de 10.000
espécies vegetais, mas, apesar do seu tamanho e importância,
é um dos ambientes mais ameaçados do mundo.
Estudos realizados pelos pesquisadores do Programa Cerrado
da CI-Brasil indicam que o bioma corre o risco de desaparecer
até 2030. Dos 204 milhões de hectares originais,
57% já foram completamente destruídos. A situação
do Pantanal, a maior planície inundável do mundo,
é a melhor, já que cerca de 80% da área
total está em boas condições.
Falta o básico
Reduzir pela metade, até 2015, a proporção
da população sem acesso permanente e sustentável
à água potável segura também faz
parte deste objetivo da ONU. No entanto, o Brasil, apesar
de concentrar 13,7% da água doce superficial no mundo
e sua produção hídrica alcançar
8.160 km3 por ano - quase 20% do que é produzido em
todos os países -, uma grande parcela da população
ainda não tem acesso aos serviços de abastecimento
de água.
Houve um avanço na oferta de água para consumo
humano por meio da implantação de uma rede de
abastecimento, mas a distribuição desse serviço
se deu de forma desigual entre as regiões brasileiras.
A média anual em 1999 era de 89% domicílios
abastecidos pela rede de água para consumo humano,
mas o Nordeste alcançou 81%. O problema, no entanto,
está na qualidade da água para consumo. Se na
região Sudeste, 94,4% da água distribuída
é tratada, na região Norte, o índice
está em 67,6%.
O relatório de avaliação aponta como
ainda mais preocupante a situação da coleta
de esgoto pela rede pública. Esse serviço está
disponível em apenas 52,2 % dos municípios e,
apenas 20% tratam, mesmo que parcialmente, o esgoto coletado.
Hoje, 48% das cidades brasileiras não coletam o esgoto
produzido nos domicílios, ou seja, corre a céu
aberto com destino a rios, represas, várzeas e lagos.
A região Norte aparece mais uma vez com destaque, já
que 92,9% de esgoto não é coletado. O destino
do lixo também não é adequado: 63,3%
dos municípios destinam os resíduos coletados
para os lixões a céu aberto, sem nenhum tipo
de controle ambiental.
Isso sem falar que, cenários como estes, colocam
a população em contato com diversas doenças.
Segundo dados do Ministério da Saúde, 60% da
população brasileira sofre de algum tipo de
doença decorrente da falta de acesso à água
potável, como diarréia, malária e cólera.
Além disso, a ingestão de água não
tratada ou poluída é a causa de 60% a 70% das
internações em hospitais públicos. De
acordo com a Unesco, mais de 5 milhões de pessoas morrem
a cada ano no mundo devido a doenças relacionadas à
falta de higiene e saneamento básico.
"O problema, no entanto, é que, ao invés
de ir à causa do problema, que é o saneamento
básico e água tratada, a solução
hoje tomada é dar um remédio para verme ou pôr
mais leito no hospital porque tem muita criança doente.
Há uma chantagem dos políticos, que dizem: 'Você
prefere que eu cuide da criança doente ou do meio ambiente?'.
Mas eles não percebem que a solução está
no meio ambiente, já que a criança ficou doente
por causa do esgoto. Por isso, antes de mais nada, é
preciso incluir estas pessoas. Não dá para conviver
com essa exclusão", opina o diretor da SOS Mata
Atlântica.
O governo, no entanto, demonstra estar buscando soluções
para estes problemas. O Projeto de Lei do PPA (Plano Plurianual),
para 2004-2007, prevê aplicar em saneamento básico
recursos da ordem de R$ 16,2 bilhões. Além disso,
o Ministério da Saúde está estruturando
o Sistema Nacional de Vigilância Ambiental em Saúde,
que terá como um de seus principais componentes a vigilância
da qualidade de água para consumo humano.
Empresas
"A situação é grave".
Essa é a conclusão de Leonardo Moreli, secretário
geral da Defensoria da Água, sobre o que foi a situação
atual deste recurso natural que, a cada dia, fica mais próximo
da escassez. Em setembro, a Defensoria, um colegiado de instituições
que se formou para dar continuidade às demandas levantadas
pela Campanha da Fraternidade de 2004 desenvolvida pela CNBB
(Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), que envolveu
mais de 30 mil comunidades em todo o país e teve como
tema central a Água, lançou a pesquisa "O
Estado real das águas do Brasil 2003/2004".
De acordo com o estudo, nos últimos 10 anos, quintuplicou
a contaminação das águas de rios, lagos
e lagoas. São mais de 20 mil áreas contaminadas.
O Ministério da Saúde já reconhece a
existência de 15.237 locais que estão sendo mapeadas
pela equipe de Secretaria de Vigilância em Saúde.
Para realizar o relatório, a Defensoria pesquisou documentos
da Procuradoria Geral da República, ações
civis públicas julgadas ou em andamento no Poder Judiciário
e analisou 35 mil denúncias e pedidos encaminhados
à Defensoria da Água entre março e setembro
deste ano.
Mais de 400 pesquisadores contribuíram voluntariamente
para interpretar os dados. O levantamento verificou que a
principal fonte de contaminação é o despejo
de material tóxico proveniente das atividades agroindustriais
e industriais, responsáveis por 90% do consumo das
águas, devolvendo-a à natureza completamente
contaminada. O despejo de esgotos urbanos e rurais vem em
segundo lugar e, em terceiro, a existência de lixões
nas margens de cursos de água.
Além disso, para as indústrias, não
há um controle rígido ambiental quanto à
geração, tratamento e destinação
final de resíduos gerados no processo produtivo. "O
problema é que as empresas colocam componentes químicos
na água que não estão na natureza causando
toxidade do esgoto. Ou seja, os tratamentos se tornam ainda
mais caros. A situação das águas do mar
também é preocupante e o resultado é
a redução do pescado e o êxodo das populações
costeiras", comenta o secretário geral.
Há 10 anos, o despejo de esgotos na região
costeira representava a poluição de até
cinco quilômetros da costa. Atualmente os vestígios
de emissão de esgotos nas águas oceânicas
já atingem até 50 km da costa. O estudo levantou
ainda os principais problemas de cada região do país.
No Norte, por exemplo, houve um agravamento dos níveis
de contaminação do Rio Amazonas pelas atividades
de mineração, pecuária e agricultura
intensiva, associado à falta de planejamento urbano.
Já na região Nordeste, os problemas de convivência
com o semi-árido se intensificam pela falta de pesquisas
tecnológicas quanto à possibilidade de acesso
às águas subterrâneas e a falta de uma
política de gestão das águas de chuva.
Mas essa situação não se restringe aos
locais afastados das grandes metrópoles. Segundo a
pesquisa, dentro dos próximos 10 anos, se agravará
profundamente a situação de escassez de água
para consumo humano nas regiões metropolitanas do Rio
de Janeiro, Belo Horizonte e São Paulo, atingindo mais
de 40 milhões de pessoas.
O relatório apontou ainda a postura adotada pelas
empresas brasileiras, destacando as 10 indústrias que
mais poluem o meio ambiente. A Petrobras aparece em primeiro
lugar no ranking e a Agência Nacional de Águas
(ANA) está em 11º lugar na lista de denúncias,
devido a sua omissão no controle ambiental para liberação
e operação de postos de combustíveis.
Moreli ressalta que, apesar dos valores investidos nesta área
possam parecer de grande volume, proporcionalmente ao faturamento
da empresa se mostraram insignificantes, às vezes apenas
1%. "Elas tentam mudar a situação, muitas
vezes, por marketing, e fazem investimento em responsabilidade
social e ambiental. Muitas das empresas denunciadas já
estão com inquéritos ou processos na justiça.
Elas têm conhecimento do que fazem e causam ao meio
ambiente. Só retratamos a realidade".
O secretário da Defensoria da Água acredita
que esta situação se agrava, pois, mesmo sendo
a legislação ambiental brasileira muito ampla
é a que também apresenta o maior número
de brechas que dão margem à impunidade. Para
ele, a questão mais urgente a se resolver é
o problema de integração do sistema. Isso porque
há muitas divisões, gerando um conflito de atribuições.
Por exemplo, o uso e a ocupação do solo é
atribuição do governo municipal. Já a
gestão de rios e águas subterrâneas é
do Estado. Agora, se este rio atravessar mais de dois Estados
ou se for região costeira é de atribuição
federal. "Isso sem falar que as agências ambientais
são controladas pelos políticos, como a Cetesb,
por exemplo, ficando vulneráveis às pressões
políticas e econômicas", completa.
"Além disso, o Judiciário é ambientalmente
insensível. Os juízes não têm conhecimento
específico destas leis. Na universidade, a disciplina
de direito ambiental é facultativa ou então
é dada somente nos últimos meses do curso. Formamos
uma elite jurídica ambientalmente burra. E isso gera
também um conflito de competências e de interesses.
Acabamos colocando em risco a vida humana porque não
é só um problema ecológico, mas de saúde
pública. Hoje a gestão ainda não prioriza
a precaução", destaca Moreli.
O relatório será apresentado à ONU
que, no período de 27 a 29 de outubro, se reunirá
em Genebra para Conferência Mundial da UNCTAD, e também
para envio de informações ao Pontífice
Conselho para a Justiça e a Paz do Vaticano. Moreli
acredita que a pesquisa causará um choque na comunidade
internacional, principalmente porque hoje o país tem
uma das maiores reservas de águas para a humanidade.
Além disso, já estão programados eventos
sobre o assunto, como a realização da 1ª.
Conferência Nacional de Áreas Contaminadas, em
março de 2005.
Descaso habitacional
Outro ponto a ser observado no objetivo de garantia
da sustentabilidade ambiental é a questão habitacional.
A meta é, até 2020, ter alcançado uma
melhora significativa nas vidas de pelo menos 100 milhões
de habitantes de bairros degradados no mundo. No entanto,
a situação no país é ainda complicada.
Apesar da proporção de moradias urbanas com
condições habitacionais adequadas ter passado
de 50,5%, em 1992, para 59,5% em 2002, 41,5% das habitações
ainda apresentam algum tipo de inadequação,
como carência de serviços de água e esgoto,
direitos de propriedade, entre outros. Os menores índices
de adequação das moradias em termos relativos
encontram-se na Região Norte (26,5%).
Hoje, seis milhões de brasileiros vivem em favelas
ou em outras formas de assentamentos precários. De
acordo com pesquisas do IBGE, a população residente
nesses aglomerados, que correspondia a 3,1% da população
total em 1991, cresceu a uma taxa de 4,3% ao ano entre 1991
e 2000, período em que a média de crescimento
da população brasileira foi de apenas 1,6% ao
ano.
São mais de 1,7 milhão de domicílios
localizados nesse tipo de assentamento, sendo que mais de
78% estão localizados nas nove principais regiões
metropolitanas do país (Belém, Fortaleza, Recife,
Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo,
Curitiba e Porto Alegre). São Paulo e Rio de Janeiro,
juntas, respondem por 44,6% do total de residentes em favelas
e assemelhados. Esse fenômeno de favelização
aumenta proporcionalmente ao crescimento da população
do município. Sem opções ou alternativas
de vida melhores, essas pessoas se submetem a viver em situações
cada vez mais precárias, em vales, encostas e áreas
de risco, colaborando também com a destruição
do meio ambiente.
"A sustentabilidade ambiental está vinculada
à forma como se ocupa o território. Se fosse
estabelecido que essa população tem também
o direito a viver nas áreas da cidade com moradia e
infra-estrutura adequada, essa situação mudaria.
Hoje há em São Paulo, por exemplo, mais de 400
mil imóveis fechados. Se houvesse um planejamento para
a utilização destes espaços, evitaria
que a população, pelo fato de não ter
condições de pagar altos alugueis, vá
morar em áreas de mananciais e vales. Se não
reverter isso, o quadro vai continuar", comenta Nelson
Saule Junior, advogado e relator da Relatoria Nacional do
Direito à Moradia Adequada e à Terra Urbana,
que monitora as políticas urbanas que estão
sendo desenvolvidas para verificar se o Brasil está
cumprindo sua obrigação quanto a esta questão,
frente a diversos acordos assumidos com a ONU. O projeto está
vinculado ao Instituto Pólis.
Nelson explica que seu trabalho é feito a partir
de missões concretas. Em junho, esteve no país
um relator da ONU para uma missão conjunta com a relatoria
nacional, e, até o final de novembro, será feito
um balanço mais completo sobre os pontos levantados.
Segundo o relator, um dos temas de destaque neste trabalho
foi a questão de Alcântara, um território
étnico onde se tem uma base para lançamento
espacial, e com a ameaça de deslocamento dessas comunidades,
sem uma definição por parte do governo de quais
serão as medidas a serem tomadas. Verificou-se neste
estudo que os programas e projetos de desenvolvimento ameaçam
principalmente as populações tradicionais ou
grupos vulneráveis. "Além disso, o Judiciário
que não tem incorporado em sua atuação
os direitos humanos para tratar sobre os conflitos. Não
estão qualificados para utilizar essas normas de proteção",
avalia Nelson.
O relator aponta alguns avanços conquistados pelo
país quanto à questão da moradia, como
o Estatuto das Cidades, com o registro de políticas
que podem ser utilizadas pelos municípios; o Conselho
das Cidades, com a possibilidade da maior participação
da sociedade, já que, anteriormente, essas questões
ficavam restritas ao governo; e também as ações
de vários municípios que já estão
desenvolvendo políticas habitacionais, além
da participação de ONGs, redes e movimentos
coisas que estão viabilizando a implementação
dessas políticas e conquistando projetos com a sua
liderança.
Os recursos voltados para a área habitacional por
parte da esfera federal também têm aumentado.
No entanto, sua participação é ainda
muito modesta no Produto Interno Bruto, passando de 0,1% em
1995, para 0,3% em 2001. Além disso, estes recursos
são destinados principalmente para as regiões
mais ricas, como o Sul e o Sudeste. Prova disso é que
os programas habitacionais destinados à população
com renda familiar de até três salários
mínimos representa menos de 20% dos investimentos totais.
"Dificilmente ocorrerão mudanças na questão
da moradia enquanto houver essa transferência dos recursos
que seriam destinados para o social para pagamento de dívidas
externas. Só conseguiremos atingir as metas se houver
uma mudança de fato na política econômica.
A lógica financeira e econômica tem sido priorizada
para quem pode dar retorno na área de habitação,
até mesmo os projetos, com financiamento da Caixa Econômica
Federal. Muitas vezes eles exigem famílias com cinco
salários mínimos para cima", comenta Nelson
Saule. Ele aponta ainda como exemplo o Programa Crédito
Solidário - que já conta com a participação
de 3 mil associações - em que o governo repassa
os recursos para as associações construírem
a habitação. "Mas a Caixa já colocou
um monte de regras, como garantia de crédito, que a
pessoa não tenha o nome 'sujo' no Serasa. São
regras estúpidas. Esse é um problema sério
no país", completa.
De acordo com o relatório de monitoramento das Metas
do Milênio, no campo legislativo, o governo tem avançado,
como com a inclusão do direito à moradia entre
os direitos sociais mínimos da população
brasileira por meio da Emenda Constitucional nº 26 de
2000. Há ainda programas de níveis municipais
de regularização fundiária que tem privilegiado
a outorga do direito de propriedade às mulheres mães
de família. No âmbito federal, o governo vem
realizado programas de apoio a moradias populares, urbanização
e regularização de assentamentos precários,
ações emergenciais e prevenção
de ocupações em áreas de risco, entre
outros.
No entanto, na opinião do relator, é necessário
uma integração entre os vários ministérios
para se ter uma política nacional de habitação
com resultados eficazes. Atualmente, há uma divisão
de ações. O Ministério da Reforma Agrária,
por exemplo, trata sobre os assentamentos; o da Cultura tem
a Fundação Palmares, que discute a questão
dos quilombolas; o Ministério da Justiça, por
meio da Funai, fala sobre as terras indígenas; e o
Ministério das Cidades, com ações mais
gerais. "Eles não estão trabalhando juntos.
Isso dificulta. É necessário parar, pensar e
planejar o território, levando em conta a diversidade
do país e o nível complexo que é a questão
habitacional. E fazer isso também integrando as ações
em nível federal, estadual e municipal, definindo o
que investir para não ter desperdício de recursos,
já que cada um acaba hoje priorizando diferentes pontos",
aponta Nelson Saule.
Participação ativa
Para os especialistas, somente uma ação
conjunta, entre todos os setores da sociedade, poderá
reverter esse quadro de degradação ambiental
que assola o país. Mário Mantovani destaca a
participação das ONGs neste processo que levam
informação qualificada às comunidades.
"As entidades precisam mobilizar, trazendo um pensamento
diferente deste consenso nacional", comenta o diretor.
Hoje, a SOS Mata Atlântica já conta com mais
de 100 mil sócios.
Na opinião de Leonardo Moreli será necessária
ainda uma ação em nível mundial, como
o respeito às regras ambientais nos acordos de livre
comércio. As empresas também têm um papel
importante e devem assumir uma postura ética em relação
ao tema. A publicação "O compromisso das
empresas com as metas do milênio", desenvolvido
pelo Instituto Ethos de Responsabilidade Social, aponta alguns
caminhos: treinamento, formação e capacitação
no uso sustentável dos recursos naturais; programas
de premiação para projetos e ações
ambientais; projetos de tratamento de resíduos; inovação
de produto e processo a partir do desenvolvimento sustentável;
mudança do modelo de gestão; reconhecimento
público de projetos ambientais; entre outros.
Defensoria da Água
Endereço: SDS, Bl P, Ed. Venâncio III,
Sala 107, Brasília/DF
Telefone: (61) 325 - 7972
Site: www.defensoriadaagua.org.br
E-mail: cg@defensoriadaagua.org.br
Fundação SOS Mata Atlântica
Endereço: Rua Manoel da Nóbrega, nº
456, São Paulo/SP
Telefone: (11) 3887-1195
Site: www.sosmatatlantica.org.br
Instituto de Estudos, Formação e Assessoria
em Políticas Sociais - Polis
Endereço: rua Araújo, nº 124,
Centro, São Paulo/SP
Telefone: (11) 3258-6121
Site: www.polis.org.br
E-mail: nelsaule@polis.org.br
DANIELE PRÓSPERO
do site setor3
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