Em um
país de grandes dimensões e muitos bolsões
de pobreza, se faz necessário estruturar ações
que levem ao desenvolvimento regional. Uma saída que
oferece bons resultados é a estruturação
das competências por regiões. São ações
simples que dependem da participação da população,
organizada através de entidades de classe, associações
civis representadas e do governo. A união desses três
setores pode levar ao surgimento de uma entidade regional
que aglutine competências, a fim de colocar em prática
planos de desenvolvimento regional.
A idéia é que essa entidade diagnostique potencialidades
e debilidades locais e faça com que as cidades participantes
trabalhem unidas. Assim, uma cidade com vocação
eminentemente turística, muitas vezes carece de produtos
básicos ou boas instituições educacionais,
enquanto que a cidade vizinha – sem nenhum atrativo
turístico, possui boas escolas. A proposta é
levantar esses pontos positivos e/ou negativos, a fim de que
essas cidades possam se desenvolver em conjunto, fazendo com
que a competição deixe de existir e levando
o desenvolvimento a toda região.
E, a partir do levantamento desses dados, é possível
produzir índices relativos à região,
como por exemplo o Índice de Desenvolvimento Humano
(IDH), que deve ser apresentado regularmente à população,
fazendo com que a sociedade tome consciência de sua
realidade e passe a cobrar ações de forma mais
positiva. Esse posicionamento atuante faz ainda com que as
ações políticas sejam de longo prazo,
pois estarão embasadas em desejos e necessidades de
uma sociedade mais atuante. Os índices regionais também
facilitam a negociação com empresas interessadas
em interagir com a sociedade e que, necessariamente, vão
depender dos dados de desenvolvimento local para se interessarem
em realizar investimentos .
Quando uma cidade ou região tem sua estratégia
de desenvolvimento lastreada em logística territorial,
portanto mais dinâmica e aproveitando de modo mais racional
e eficiente seu espaço físico, torna-se automaticamente
alvo de interesse. O resultado é a migração
de empresas para lá , sem a necessidade de uma política
absurda de incentivos fiscais. Os empreendedores adquirem
mais segurança em efetuar investimentos e a comunidade
está comprometida com resultados de médio e
longo prazos.
Hoje, o que vemos é uma verdadeira guerra fiscal,
resultado da falta de planejamento logístico. Os governos
cedem áreas e oferecem incentivos nem sempre suficientes,
porque a região não atende todas as condições
que a fábrica precisa para se instalar. Com isso, essas
cidades acabam por colher resultados bastante negativos no
médio e longo prazos. Algumas cidades passam a ter
problemas de caixa para sustentar o desenvolvimento provocado
pela migração desordenada de empresas que geram
problemas tais como desgaste das vias de acesso, aumento dos
gastos com segurança e falta de capacidade para atender
áreas básicas como saneamento, moradia e educação.
Em outros casos, as próprias empresas percebem que
os incentivos já não são o diferencial
competitivo que necessitam e simplesmente vão parar
em outras plagas.
Enfim, regiões planejadas conseguem gerar competências
locais fundamentadas em políticas públicas bem
elaboradas e de efeito, que permitem a geração
de diferenciais competitivos, sem exagerar nos incentivos
fiscais.
NYSSIO FERREIRA LUZ
do Jornal do Brasil
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