A liberdade de escolher uma identidade cultural e de exercê-la sem discriminações
é comparada em importância à democracia
e à oportunidade econômica, diz o Relatório
de Desenvolvimento Humano 2004 — Liberdade Cultural
num Mundo Diversificado (RDH 2004), lançado pelo PNUD
nesta quinta-feira.
“Lidar com a diversidade cultural é um dos desafios
centrais do nosso tempo”, ressaltam os autores do Relatório.
O documento procura desmistificar idéias que têm
sido amplamente difundidas, como a de que o “choque
de civilizações” é inevitável.
O RDH 2004 destaca que um 1 em cada 7 seres habitantes do
planeta (cerca de 900 milhões de pessoas) faz parte
de grupos que enfrentam algum tipo de discriminação
ou exclusão na participação política,
social e econômica, ou sofrem discriminação
no exercício de seu modo de vida, tanto na sua religião
como no uso de sua língua.
Apesar de a discriminação ser um problema antigo,
ela é potencializada atualmente pela globalização,
e não está restrita aos países em desenvolvimento.
Em todo o mundo há aproximadamente 5 mil grupos étnicos
distintos. Dois em cada três países têm
ao menos um grupo minoritário que responde por no mínimo
10% de sua população.
Mesmo antes da globalização, os efeitos da
diversidade cultural já vinham sendo ampliados pelo
crescimento das migrações. De 6 milhões
de migrações em 1960, esse fluxo passou para
175 milhões em 2000. A questão afeta tanto as
muçulmanas proibidas de usar símbolos religiosos
em escolas públicas francesas quanto os hispânicos
que resistem à assimilação da cultura
“mainstream” norte-americana.
Uma das principais propostas do RDH 2004 é a de que
os países que adotem políticas multiculturais,
que reconheçam as identidades culturais distintas de
sua população e enfrentem a exclusão
de grupos étnicos, religiosos e lingüísticos
que historicamente sofreram algum tipo de desvantagem. Isso
inclui políticas educacionais bilíngües,
ação afirmativa, pluralismo político
e legal, aumento do poder regional, entre outras.
O documento do PNUD faz uma análise crítica
de cinco chavões referentes à liberdade cultural,
como a idéia de que o “choque de civilizações”
é inevitável. O Relatório demonstra que
as diferenças culturais e as disputas sobre valores
raramente são a causa da violência. Do mesmo
modo, sustenta que os países não precisam optar
entre unidade nacional e diversidade cultural – as pessoas
podem e devem ter identidades complementares, como etnia,
língua e religião, a despeito de dividirem a
mesma cidadania.
As informações são
do site PNUD.
|