O emprego
na indústria paulista cresceu 0,33% em setembro -a
maior alta para o mês desde 2000, quando a economia
brasileira avançou à taxa de 4,3%. Até
o mês passado, a indústria havia criado 51 mil
vagas no Estado, levando o nível de emprego a subir
3,34% em relação aos nove primeiros meses de
2003.
Os dados são da Pesquisa de Nível de Emprego
da Fiesp/Ciesp e mostram que o crescimento no número
de contratações é inclusive mais robusto
do que o registrado em 2000, último ano em que, na
prática, a economia não teve seu crescimento
restringido por crises respondidas com aperto monetário
recessivo pelo governo.
Entre 2001 e 2003, a indústria paulista eliminou nada
menos do que 102 mil vagas de trabalho.
Em setembro, foram criados 5.158 postos de trabalho. Nos últimos
12 meses, a alta foi de aproximadamente 52 mil vagas -ou seja,
foi recuperada metade da perda dos últimos três
anos.
Nilton Bastos, do Departamento de Estudos e Pesquisas Econômicas
da Fiesp/Ciesp, prevê que a recuperação
registrada até agora se estenda até o final
do ano. Segundo as previsões de Bastos, a indústria
fechará o ano com saldo positivo de 60 mil vagas.
Ele faz uma avaliação otimista e não
vê, no quadro atual, sinais de grandes barreiras para
que o movimento de expansão da indústria continue.
Mesmo a alta no preço dos combustíveis, diz
Bastos, não será um problema desse ponto de
vista. Ele argumenta que o setor já paga o petróleo
com base nos preços internacionais.
A alta do diesel, admite o empresário, pode ter impacto
no preço de fretes, mas ele faz a ressalva de que essa
é uma situação enfrentada igualmente
por toda a indústria, inclusive pelos concorrentes
internacionais das empresas brasileiras.
"Se vocês me perguntarem o que quero [como industrial],
diria que quero isonomia, e essa é uma situação
em que há isonomia", disse o representante da
Fiesp.
Bastos não perdeu a oportunidade para ressaltar as
áreas em que não havia "isonomia",
chamando a atenção principalmente para as condições
de financiamento brasileiras, afetadas pelas elevadas taxas
de juros.
Ao contrário dos resultados do primeiro semestre, quando
ainda havia um peso predominante das exportações
no resultado positivo da indústria, os meses mais recentes
mostram uma dispersão cada vez maior da recuperação.
As exportações não deixaram de ter importância
no resultado, mas há mais setores voltados ao mercado
interno exibindo resultados positivos. Dos 47 sindicatos setoriais
consultados pela pesquisa, 77% expandiram ou mantiveram estável
a força de trabalho, enquanto apenas 11 registraram
desempenho negativo.
MARCELO BILLI
da Folha de S.Paulo
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