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máquina pública
17/05/2004
Governo autoriza a criação de 12 mil vagas em concursos federais

Fazer carreira no serviço público voltou a seduzir a classe média brasileira. Com o aumento do desemprego e a renda em declínio, a combinação de bom salário e estabilidade da máquina estatal virou meca de oportunidades no país. O Ministério do Planejamento já autorizou a criação de quase 12 mil vagas este ano para o Poder Executivo. Pelo menos 4 mil estão com inscrições abertas.

Outras 29 mil esperam o aval do ministério para se converterem em concurso. Entre as que aguardam as inscrições, há remunerações que passam de R$ 7 mil, como a de delegado e perito da Polícia Federal.

Em um país onde apenas 3,02% da população economicamente ativa recebeu, em 2002, entre 10 e 20 salários mínimos mensais, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), encarar concursos públicos virou tática tanto de quem nem entrou no mercado quanto de quem está descontente.

A administradora de empresas com ênfase em Comércio Exterior Lisiane Moraes de Azeredo, 26 anos, mal se formou e já quer deixar a iniciativa privada para trás. Depois de quatro anos na empresa do pai e em uma indústria de artigos de informática, a porto-alegrense antes apegada à idéia de que servidor público trabalha pouco e ganha bem só pensa em entrar na Receita Federal. Tudo porque se cansou de trabalhar 12 horas diárias sete dias da semana sem ver o salário de R$ 1,5 mil crescer no mesmo ritmo. Agora, quer deixar de contribuir para a taxa de desemprego de pessoas com Ensino Superior na Região Metropolitana, que, em 2003, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese), era de 5,9% (a média ficou em 21,4%).

" A gente trabalha todos os dias, leva trabalho para a casa e, no fim, só ganha um tapa nas costas - diz Lisiane, que se prepara para o concurso da Receita Federal, cuja demanda é de 1,5 mil auditores e 2 mil técnicos ainda este ano" .

Remuneração de servidores
A fuga de talentos para a máquina estatal acompanha o desempenho da economia nas últimas décadas, diz o cientista político José Matias Pereira. O professor da Universidade de Brasília sustenta que o conceito das carreiras públicas entre os brasileiros de melhor renda e grau de instrução é o mais alto desde os anos 70.

"O governo começou a remunerar melhor - explica, lembrando que, na década de 90, segundo dados do governo, um servidor com nível universitário recebia cerca de 5% menos do que a média nacional, relação hoje invertida para aproximadamente 16% mais ao da média no país".

Para a economista do Dieese Lúcia Garcia, a busca por vagas no setor público não é sinal de que a vida do servidor melhorou e sim de que a qualidade do emprego no setor privado piorou. A demanda no setor público, conforme ela, é resultado do enxugamento vivido na década de 90. Garantido pela Constituição, o concurso é hoje funil para o ingresso no governo.

"As pessoas estão com uma cabeça antiga, governo não é mais cabide de emprego. O setor público vai ser cada vez mais enxuto e com gente muito qualificada - prevê Sonia Rocha, economista e coordenadora de projetos do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas (FGV) do Rio".

 

As informações são do Zero Hora.

   
 
 
 

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