HOME | COLUNAS | SÓ SÃO PAULO | COMUNIDADE | CIDADÃO JORNALISTA | QUEM SOMOS
 
 

educação
17/06/2004
Aprendizado de matemática segue crítico

A maior parte dos alunos dos ensinos fundamental e médio não sabe resolver questões de matemática compatíveis com a série que cursam. A situação é ainda pior no 3º ano do ensino médio: 68,8% deles tiveram nível de conhecimento classificado entre crítico e muito crítico em 2003.

Isso significa que não conseguem interpretar o enunciado de uma questão para chegar ao resultado matemático.

Esse alto índice não é novidade. Em 2001, 67,4% dos alunos do 3º ano do médio já tinham ficado nesses estágios de classificação. Os resultados incluem estudantes das redes pública e particular.

Dos alunos da 4ª série, 51,6% tiveram desempenho crítico e muito crítico em matemática no ano passado. Já entre os da 8ª série, o índice ficou em 57,1%.
Em língua portuguesa, os percentuais são piores na 4ª série do fundamental: 55,4% tiveram classificação crítica ou muito crítica.
Melhoraram os alunos da 8ª série (26,8% nessa classificação) e do ensino médio -38,6%.

Esses resultados foram apresentados ontem pelo Ministério da Educação na divulgação do Saeb (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica) 2003.
"Se há problemas de interpretação de texto, há também dificuldade em matemática. Além disso, ainda temos muitos professores na educação básica com formação insuficiente", disse o secretário da Educação Básica do MEC, Francisco das Chagas Fernandes.

Melhora em português
A notícia boa entre os números é que, pela primeira vez desde 1995, a média obtida pelos alunos da 4ª série do ensino fundamental na prova de língua portuguesa apresenta uma melhora em relação à avaliação anterior. Passa de 165,1 para 169,4 entre os anos de 2001 e 2003, em uma escala geral de 500 pontos. Mas ainda está em patamares abaixo do satisfatório -200 pontos nesse caso.

Todas as regiões brasileiras apresentaram melhora na média de desempenho dos alunos da 4ª série em língua portuguesa. A melhor foi a Centro-Oeste, seguida do Nordeste. "Pretendemos utilizar as boas experiências de projetos que estão melhorando a qualidade para difundi-las para outros Estados e regiões", afirmou Eliezer Pacheco, presidente do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais).

Considerado o mais importante método para avaliar a qualidade da educação brasileira, o Saeb era feito a cada dois anos, desde 95. Os resultados podem ser comparados de um exame para o outro. Participam alunos da 4ª e da 8ª série do ensino fundamental e do 3º ano do médio. No ano passado, 300 mil alunos o fizeram.
A partir de novembro, o Ministério da Educação quer universalizar a prova e aplicá-la anualmente. Segundo o presidente do Inep, isso permitirá que os gestores públicos tenham informações sobre o desempenho de cada escola, não só por região ou Estado.

Financiamento
Para o ministro Tarso Genro (Educação), os resultados do Saeb não mudam significativamente, mas apontam um processo de transformação da qualidade do ensino no Brasil. "Os dados demonstram que a educação tem saída com o enorme esforço feito por Estados e municípios, com a colaboração da União."

O presidente do Consed (conselho dos secretários estaduais do setor), Gabriel Chalita, de São Paulo, afirmou que a melhoria passa pela discussão do financiamento da educação básica.

"Mesmo os Estados que investem os maiores valores ainda ficam abaixo do necessário para ter uma educação de qualidade. Não há recursos sobrando. Precisamos de complemento da União", disse, referindo-se aos debates para a criação do Fundeb, o fundo para financiar a educação básica.

Particulares
Ao considerar só o desempenho de alunos das escolas particulares, houve aumento na média dos alunos da 4ª série em língua portuguesa. Mas nas regiões Norte e Nordeste, a média ainda fica abaixo dos 200 pontos considerados satisfatórios -194,94 e 194,13, respectivamente.



LUCIANA CONSTANTINO
da Folha de S.Paulo

   
 
 
 

NOTÍCIAS ANteriores
16/06/2004 2,2 milhões de jovens do país trabalham sob risco, diz OIT
16/06/2004 Alunos lêem mas não entendem
15/06/2004
MEC propõe fundo único para educação
15/06/2004 Instituto Ayrton Senna e Vivo promovem Fórum de Juventude em Belém
15/06/2004
Tarso defende troca de parte da dívida externa por investimento em educação
15/06/2004
Furlan prevê que exportações criarão 200 mil empregos no país este ano
15/06/2004
Governo quer reduzir ICMS de 2.800 remédios
14/06/2004
Escolas se unem contra maus-tratos à criança
14/06/2004
Governo estuda restrição a propaganda
14/06/2004 Alcoolismo ameaça 50% dos usuários