O emprego
na indústria continuou em expansão em julho,
embora num ritmo um pouco menor do que o dos meses anteriores,
informou ontem o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística). Já a recuperação
do rendimento dos empregados do setor perdeu fôlego.
O número de pessoas ocupadas aumentou 0,2% de junho
para julho, na comparação livre de efeitos sazonais
(típicos de cada período). Em junho, o crescimento
havia sido maior: 0,5%. A folha de pagamento do setor ficou
estável -em junho, a alta fora de 0,7%.
De acordo com o IBGE, o crescimento da produção,
especialmente de bens duráveis (eletroeletrônicos
e automóveis) -cujas vendas são beneficiadas
pela maior oferta de crédito- e de artigos de exportação,
sustenta a melhora do mercado de trabalho industrial em 2003.
A boa notícia de julho foi que ramos mais voltados
para o mercado interno, como alimentos e bebidas, sinalizaram
uma reação.
Há três meses consecutivos, o total de pessoas
empregadas na indústria sobe. No acumulado dos sete
primeiros meses de 2003, o aumento foi de 0,5%. Na comparação
com julho de 2003, o crescimento foi de 2,3%, em parte por
causa da fraca base de comparação do ano passado,
quando o país vivia os efeitos do forte ajuste fiscal
e da elevação dos juros a partir do final de
2002.
A folha de pagamento (soma de todos salários, benefícios
e horas extras) aumentou 8,3% em relação a julho
de 2003 -nesse caso, o determinante para a expansão
é a inflação mais baixa deste ano. No
ano, o rendimento acumula uma alta de 9%.
"É um dado positivo porque mostra a continuidade
na trajetória de expansão do emprego industrial,
mas é natural que, depois de crescer por dois meses
[maio e junho], a velocidade seja um pouco menor", afirmou
André Macedo, economista do Departamento de Indústria
do IBGE.
Prova disso, de acordo com Macedo, é que no acumulado
dos três últimos meses, período de crescimento
contínuo do emprego, a alta é expressiva: 1,7%.
Para Fábio Romão, economista da LCA, os dados
de 2003 revelam uma melhora do mercado de trabalho, puxada
principalmente pelo emprego, cuja recuperação
começou antes (em janeiro deste ano) do que a da renda.
Os níveis de ocupação e mais recentemente
do rendimento na indústria, diz Romão, estão
voltando aos registrados no início de 2001, quando
o país sofreu com o racionamento de energia. Os resultados
atuais são melhores do que os de 2002 e 2003.
No caso da renda, o que pode explicar a desaceleração
deste mês é a alta recente da inflação
e seu poder de corroer os salários. Romão afirmou,
no entanto, que ainda é cedo para se possa confirmar
essa hipótese.
Os setores que mais empregaram de janeiro a julho foram os
de máquinas e equipamentos (crescimento de 13% em comparação
com julho de 2003) e alimentos e bebidas (2,3%). A maior queda
ocorreu no setor de vestuário (-10,1%), ramo mais direcionado
ao mercado doméstico e intensivo em mão-de-obra.
PEDRO SOARES
da Folha de S.Paulo
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