O coordenador
do Programa Nacional de DST-Aids, Alexandre Grangeiro, intepreta
de outra forma o resultado da pesquisa da BBC. Para ele, o
fato de 61% dos brasileiros entrevistados não considerarem
a aids como uma infecção fatal pode ser atribuído
à política de distribuição de
medicamentos no País, que reduziu pela metade o número
de mortes.
"Houve uma melhora significativa na qualidade de vida,
sem falar nas campanhas que enfatizam o fato de a aids ser
uma doença tratável", pondera. Mesmo assim,
Grangeiro afirmou que o ministério vai pedir informações
à empresa que realizou a pesquisa no Brasil sobre o
enunciado exato da pergunta. Ele não descarta a possibilidade
de haver uma incorreção na tradução.
Grangeiro cita outro dado, na mesma pesquisa, que demonstra
a importância dada à doença pelos brasileiros.
Entre os pesquisados, 88% disseram que aids é um assunto
que figura entre as três principais preocupações.
Índice superior ao alcançado pela segurança
financeira: 77%. Quando questionados sobre qual o assunto
envolve maior preocupação, 18% citam a aids;
47% citam a violência e 21%, demais problemas de saúde.
Embora a pesquisa tenha avaliado moradores de grandes cidades,
Grangeiro considera que o trabalho pode ser um instrumento
útil para se avaliar - e comparar - o conhecimento
de brasileiros sobre a doença. Para ele, em termos
gerais, o trabalho mostra que o brasileiro tem uma boa noção
sobre a epidemia. Ele cita como exemplo o fato de que 99%
dos entrevistados afirmarem que o HIV é transmitido
por meio da relação sexual desprotegida e pelo
compartilhamento de agulhas contaminadas.
O trabalho mostra ainda uma grande insatisfação
dos pesquisados pelos programas governamentais de aids. Dos
entrevistados, 66% disseram considerar que o governo não
faz o suficiente para combater a epidemia. Grangeiro atribui
esse elevado índice à cidadania e ao censo crítico
da população. "Vemos que na Tanzânia
e Nigéria, os índices de reprovação
são bem mais acanhados: 35% e 36%, respectivamente.
Já nos EUA, a reprovação alcança
os 53%."
Lígia Formenti,
da Agência Estado.
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