O Banco Interamericano
de Desenvolvimento (BID) anunciou ontem um empréstimo
de US$ 2 bilhões para o Bolsa Família, programa
social do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. O dinheiro
poderá ser sacado em duas etapas. O presidente do BID,
Enrique Iglesias, considerou ''legítima'' a reivindicação
de Lula por maior cooperação dos países
ricos.
Ao discursar no seminário Promoção de
Consenso Político para a Implementação
dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio na América
Latina e no Caribe, em Brasília, o presidente cobrou
maior cooperação internacional para tornar possível
o cumprimento das metas do milênio para o desenvolvimento
sustentável por volta de 2015.
O objetivo só será alcançado a partir
de regras de financiamento e comércio que facilitem
a alocação de recursos para os países
em desenvolvimento. Entre as metas, destacam-se a erradicação
da pobreza e da fome, o ensino básico universal, a
igualdade entre os sexos, a autonomia das mulheres e a redução
dos índices de mortalidade infantil.
Lula contou que a unificação das políticas
sociais, por intermédio do Bolsa Família, deve
beneficiar 3,6 milhões de famílias até
o fim de dezembro, em sintonia com as metas do milênio.
Anunciou ainda investimentos de R$ 6 bilhões em saneamento
básico em 2004 - R$ 3 bilhões equivalem à
folga do superávit primário (receitas menos
despesas excluindo pagamento de juros) e outros R$ 3 bilhões
da Caixa Econômica Federal e do Fundo de Garantia por
Tempo de Serviço (FGTS).
O país necessita, contudo, de investimento de R$ 42
bilhões em saneamento. Como a União não
tem os recursos, Lula, assim como o ministro da Fazenda, Antonio
Palocci, pediu colaboração à iniciativa
privada clamando por adesão às Parcerias Público-Privado.
O presidente da República Dominicana, Hipólito
Mejía, que participou do seminário, ressaltou
que a liberação do comércio de bens e
serviços, o movimento de capitais e a cooperação
internacional são vitais para se atingir as metas sociais
do Milênio.
"No caso das nações mais pobres não
podemos permitir que as dificuldades econômicas interfiram
nos planos de investimento sociais", afirmou Mejía.
Edna Simão,
do Jornal do Brasil.
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