“O Governo do estado já
vem fazendo, por conta própria, a transferência
de maiores de 18 anos da Febem para o sistema prisional. Então
por que levantar toda essa discussão agora?”,
pergunta Conceição Paganele, presidente da Associação
de Mães e Amigos da Criança e do Adolescente
em Situação de Risco (Amar). De acordo com ela,
a Penitenciária de Hortolândia, por exemplo,
abriga 48 adolescentes que foram tirados da fundação.
Conceição afirma que o sistema prisional brasileiro
é uma fábrica de facções e criminosos
e, por isso, não tem como recuperar o adolescente.
“Três anos na vida de um jovem é a mesma
coisa que 30 anos para um adulto porque o adolescente tem
muita pressa de viver”, disse, referindo-se à
proposta do Governo de ampliar o prazo de internação
de menores que praticarem infrações graves.
O aumento do tempo de internação para jovens
que cometerem assassinatos foi defendido pelo presidente da
Febem, Paulo Sérgio de Oliveira e Costa, publicada
na edição de ontem. Costa disse que, nesses
casos, a medida socioeducativa deveria ser cumprida em presídios
juvenis. “Nesse sistema eles teriam tratamento diferenciado.
É um sistema para acolher Batoré, Champinha,
entre outros”, comentou. Segundo o presidente, sozinhos,
jovens como eles são capazes de mudar a rotina de uma
unidade da fundação, de fazer rebelião
e corromper funcionários.
Para Conceição, não existe investimento
na ressocialização do menor infrator. “Transferir
os adolescentes para o sistema prisional é a mesma
coisa que passar um atestado de incompetência, porque
cadeia só faz com que os jovens saíam de lá
mais estruturados para o crime”, lamentou.
Segundo o advogado Ariel de Castro Alves, da Comissão
de Direitos Humanos da OAB, 7% dos internos têm problemas
psiquiátricos e a Febem não tem nem mesmo estrutura
para atendê-los.
As informações são
do Diário de S. Paulo.
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