O Governo
do estado vai apresentar nesta semana à bancada paulista
da Câmara dos Deputados um projeto propondo mudanças
no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) para
torná-lo mais rigoroso. Segundo o governador Geraldo
Alckmin, o projeto sugere que o adolescente seja encaminhado
ao sistema prisional ao completar 18 anos e impõe um
período maior de internação para casos
mais graves, como o do menor conhecido por Champinha, de 16
anos, que comandou o assassinato do casal de namorados Liana
Friedenbach, de 16 anos, e Felipe Silva Caffé, de 19.
Alckmin falou sobre o projeto na noite de sábado,
no Palácio dos Bandeirantes, ao final da cerimônia
de premiação de trabalhos realizados por Conselhos
de Segurança Comunitária. De acordo com o governador,
as sugestões foram elaboradas por uma comissão
formada pelos secretários da Justiça, Alexandre
de Moraes; da Educação, Gabriel Chalita; e da
Segurança Pública, Saulo de Castro Abreu Filho.
Alckmin disse ainda que o principal objetivo da proposta não
é alterar a maioridade penal, mas sim complementar
a lei.
O projeto também propõe a definição
do período em que o infrator terá de cumprir
as medidas socioeducativas. “Um dos grandes motivos
de revoltas, fugas e rebeliões é o fato de os
jovens não saberem quanto tempo ficarão na unidade”,
disse. Em relação à transferência
para o sistema penitenciário após os 18 anos,
o governador explicou que o menor deverá ficar em ala
separada dos adultos e ter acompanhamento pedagógico
e educacional.
Um dos pontos mais polêmicos do projeto é a
ampliação do tempo de internação.
Atualmente, o tempo máximo é de três anos.
Depois, o infrator tem a sua ficha limpa. “É
preciso impor um limite porque do jeito que está isso
só deseduca em vez de educar”, comentou.
Terceiro setor
O governador acredita que o contrato de gestão com
o terceiro setor para administrar unidades da Febem, já
a partir de dezembro, trará muitos benefícios.
“Vamos incentivar a sociedade civil a dividir com o
estado um problema que é de todos. Além disso,
vamos romper preconceitos em relação ao infrator
e abrir novos caminhos para os adolescentes, de modo que eles
possam sair das unidades com qualificação e
emprego garantido”, ressaltou.
Alckmin explicou que o estado pagará um valor per
capita à organização não-governamental
(ONG) responsável pelo programa socioeducativo e cuidará
da segurança da unidade. O resto vai ficar mesmo por
conta dos administradores.
CRISTINA CHRISTIANO
De O Diário de S. Paulo |