Três
anos atrás, só 30% dos 60 mil estudantes da
rede pública de Piracicaba (162 km de SP) tinham a
merenda na escola. Hoje, praticamente todos os alunos comem
mais de uma refeição no início e nos
intervalos das aulas. Estudantes do período noturno,
que chegavam do trabalho sem comer e pouco absorviam das aulas,
estão jantando antes de entrar na classe. Alunos que
pouco apareciam voltaram a frequentar a escola.
Uma das principais responsáveis
pelas mudanças é a professora Jocelem Mastrodi
Salgado, titular de nutrição humana da Esalq-USP
(Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz), de Piracicaba,
e autora de dois livros sobre alimentação infanto-juvenil.
Salgado tem a vantagem de há 20 anos trabalhar com
alimentos. Avessa à prática de manter pesquisas
nas gavetas, ela aceitou o convite para dirigir o Conselho
de Alimentação Escolar (CAE) de Piracicaba,
órgão formado por representantes da comunidade,
incluindo pais e professores, e que tem a missão de
vigiar a alimentação escolar, desde a compra
até a elaboração do melhor cardápio.
"Encontramos fraudes no peso
e na qualidade dos produtos, porém o mais grave era
o despreparo dos responsáveis pela merenda", diz
ela. Uma das decisões foi oferecer cursos às
merendeiras e passar a valorizá-las. Com R$ 0,23 por
aluno/dia, a professora e sua equipe substituíram enlatados
e legumes desidratados por produtos frescos, que são
mais baratos.
Constataram também que os alunos
detestavam sopas e tinham nojo dos pratos e dos talheres de
plástico, que retêm gordura e um cheiro ruim.
"Estamos lutando para trocar tudo isso", afirma
a dirigente do CAE. "E queremos espaços onde eles
possam comer sentados e com dignidade. Ensinar a comer é
um dos importantes papéis da escola."
Outra parceria na qual a professora
está empenhada é com as cantinas. O CAE quer
que esses estabelecimentos passem a vender comida saudável,
tornando-se parceiros da merenda. Caso não cooperem,
uma portaria poderá obrigá-las a abrir 15 minutos
depois de servida a merenda.
As informações são
da Folha de S. Paulo. |