O nível de emprego da indústria
paulista aumentou 0,51% em outubro passado em relação
a setembro. A alta, pelo segundo mês consecutivo, marcou
o melhor desempenho já verificado para outubro desde
1994, ano de implantação do Plano Real.
Foram criadas 7.731 vagas, o suficiente para fazer com que
o saldo de novos postos de trabalho acumulado no ano atingisse
5.538, voltando a ficar positivo depois de quatro meses.
O resultado de outubro foi considerado "acima do esperado
e do comportamento histórico para esse mês"
por Clarice Messer, diretora da Fiesp (Federação
das Indústrias do Estado de São Paulo), que
divulga o indicador. Por isso, além da oscilação
normal do período (sazonalidade), a Fiesp já
fala, pela primeira vez desde 2000, em início de ciclo
de crescimento.
"Estamos vivendo, de fato, um momento de feliz coincidência,
que combina a sazonalidade do fim de ano com o início
de recuperação econômica", diz Messer.
Segundo ela, as exportações continuam contribuindo
para a melhoria do emprego na indústria de transformação.
Mas também já há indícios de recuperação
do mercado interno.
Um sinal disso foi o crescimento do emprego, em outubro,
em segmentos como o de aparelhos elétricos, eletrônicos
e similares (0,65%) e o de doces e conservas alimentícias
(0,94%).
Além disso, a desova de estoques acumulados durante
a crise dos últimos anos pelo setor varejista fez com
que as novas encomendas acontecessem mais tarde neste ano.
Isso, segundo Messer, contribuiu para que a recuperação
do emprego na indústria se concentrasse em setembro
e outubro: "Normalmente, isso teria ocorrido antes ou
se diluído".
Consumo
Apesar do saldo positivo do emprego industrial, o próximo
bimestre deverá ser decisivo para constatar se a recente
retomada é para valer. Fundamental para isso, ressalta
Messer, será o comportamento do consumo.
"Por enquanto, sabemos que o varejo está fazendo
encomendas e que a indústria está produzindo
para atender a essa demanda. Agora, é preciso ver o
comportamento das vendas no varejo".
Em pontos percentuais, o forte desempenho do emprego na indústria
em outubro se aproxima da expansão recorde de 0,68%
registrada no mesmo mês em 1994. Apesar disso, o número
de postos criados agora está muito aquém dos
daquele período.
Na esteira do boom do consumo provocado pelo Plano Real,
implementado em julho de 1994, foram criadas 14.800 vagas
em outubro daquele ano. Quase o dobro das 7.731 novas contratações
do mês passado.
"Nem dá para comparar. Desde aquela época,
o nível de emprego da indústria se afunilou
muito", afirma Messer.
Apesar do resultado positivo de outubro -que, no ano, só
perde para março, quando o nível de emprego
havia aumentado 0,56%- ,a indústria paulista deverá
fechar o ano no vermelho.
A Fiesp decidiu não rever, por enquanto, sua estimativa
para 2003. A entidade prevê a redução
de cerca de 6.000 vagas na indústria de transformação
no ano, porque dezembro costuma ser um mês de fortes
demissões.
Segundo Messer, tudo depende da expectativa dos empresários:
"Se o sentimento empresarial for ruim, as vagas temporárias
poderão ser eliminadas no fim do ano".
ÉRICA FRAGA
Da Folha de S. Paulo
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