O presidente Luiz Inácio
Lula da Silva (PT) afirmou ontem, Dia do Professor, que seu
governo ainda está em débito com a educação.
Disse também que os salários dos docentes são
baixos e que muitos dão aulas em condições
precárias.
"Confesso que nós ainda
temos uma dívida muito grande com a educação",
afirmou. "Sabemos que, no Brasil, o salário dos
professores são baixos. Sabemos que muitos de vocês
dão aulas em condições totalmente precárias."
O presidente discursou cercado por
aproximadamente 150 professores, que compareceram à
cerimônia do Dia do Professor, no Palácio do
Planalto, com câmeras para tirar fotos ao seu lado.
Lula aproveitou para prestigiar o
ministro da Educação, Cristovam Buarque. O presidente
já reclamou publicamente de Cristovam pelo fato de
o ministro cobrar mais dinheiro para sua pasta.
"Ninguém mais do que o
nosso companheiro Cristovam tem se dedicado à educação",
afirmou o presidente. Disse ainda que o ministro "tem
o compromisso, em nome do governo, de mudar a realidade da
educação".
Antes da cerimônia, ao falar
com jornalistas, Cristovam evitou pedir dinheiro. "Se
eu dissesse que preciso de mais [recursos], vocês diriam
que estou reclamando. Se dissesse que estou satisfeito, seria
uma raridade", afirmou.
Sobre o Orçamento de 2004,
afirmou: "Todo ministro é ministro da sua pasta
e também da estabilidade monetária. Não
podemos deixar a inflação voltar".
O ministro afirmou que pretende, a partir de acordo com Estados
e municípios, definir um piso salarial nacional para
os professores e aumentar os rendimentos médios até
2006. Para estabelecer o piso, o Congresso precisa aprovar
um projeto de lei. Segundo ele, na proposta do governo deve
constar a previsão de vincular gratificações
e aumentos ao desempenho do professor, como dedicação
ao trabalho, frequência e aprendizado dos alunos.
Ontem, Lula repetiu que está
longe de ter feito tudo o que gostaria, mas afirmou que espera
reverter isso. "Tenho nove meses de mandato, portanto
ainda tenho muito mais tempo pela frente."
Depois de afirmar que é "ruim
para o país" o fato de crianças passarem
quatro anos na escola sem aprender, o presidente Lula afirmou
que pretende dar ao menos uma "pequena contribuição"
para a educação.
"Quero terminar o meu mandato
e poder viajar por este país. Em cada lugar que eu
chegar, quero poder olhar na cara de um professor, de uma
professora e dizer que dei a minha pequena contribuição
para melhorar a educação do nosso país",
finalizou.
GABRIELA ATHIAS
Da Folha de S. Paulo, sucursal de Brasília
|