A Ação da Cidadania
lança domingo seu 11º Natal sem Fome cobrando
pressa do governo Lula no combate à fome. Para o coordenador
da campanha, Maurício Andrade, o Fome Zero é
hoje um "nome de fantasia".
"O Fome Zero precisa alcançar
o conjunto dos miseráveis do país. Não
dá para ter metas para a fome. Tem que se ter uma medida
política para alcançar a totalidade", afirmou
Andrade.
A Ação da Cidadania,
com dados da FGV (Fundação Getúlio Vargas),
fala em 50 milhões de miseráveis no país.
Para o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada),
o Brasil tem cerca de 56 milhões de pobres, 33,6% da
população, sendo 24,7 milhões de indigentes,
14,6% da população.
A Ação da Cidadania
contra a Fome, a Miséria e pela Vida foi criada em
1993 pelo sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, que
morreu de Aids em 1997.
Andrade, 52, elogiou o governo por
ter como prioridade o combate à fome e pelos programas
de transferência de renda. Cobrou, porém, pressa,
bem como um programa capaz de dar ao Brasil auto-suficiência
na produção de feijão e arroz. Segundo
ele, sem isso, o Fome Zero está fadado a permanecer
como um "nome de fantasia". "A fome tem pressa."
Andrade disse que as críticas
não resultam de uma disputa por espaço ou doadores
entre a Ação da Cidadania e o Fome Zero. Afirmou
que, neste ano, a ONG tem mais de 200 empresas parceiras e
espera chegar a cerca de mil.
"Aquilo que é dever do
Estado fazer, não tem desculpa. É obrigação
do Estado elaborar políticas públicas",
declarou, dizendo que a Ação da Cidadania não
tem a pretensão de acabar com a fome. "Esse é
o papel da sociedade, e não disputar a pobreza. Disputar
a pobreza é inadmissível."
Andrade criticou a liberação
do plantio de soja transgênica e disse que o governo
"empurrou com a barriga" o tema.
Neste ano, a expectativa da Ação
da Cidadania é superar a arrecadação
de 2002 (6.000 toneladas de alimentos em cestas básicas,
beneficiando 3 milhões de pessoas). O lançamento
da campanha será no aterro do Flamengo (zona sul),
às 10h. O ingresso é 1 kg de alimento não-perecível.
O Ministério de Segurança
Alimentar e Combate à Fome informou que o ministro
José Graziano não comentaria as críticas.
As informações são
da Folha de S. Paulo, sucursal Rio de Janeiro.
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