Há quase dois anos a lei
que estabelece a criação do crédito estudantil
para universitários do Estado de São Paulo aguarda
regulamentação. O banco estadual Nossa Caixa,
que oferecerá o serviço, diz que está
pronto para disponibilizá-lo e só espera o governo.
Quem for beneficiado pelo crédito paulista começará
a pagar as mensalidades dois anos após acabar o curso.
Mas quem desistir da faculdade, por qualquer razão,
terá 24 meses para liquidar a dívida.
O programa paulista será similar ao federal Fies (Financiamento
Estudantil), que ofereceu neste ano bolsas restituíveis
para 70 mil estudantes. Mais de 1 milhão de pessoas
procuraram o Fies -a Caixa Econômica Federal financia
até 70% do valor das mensalidades, com juros de 9%
ao ano.
A lei agora precisa ser regulamentada, obrigação
do Poder Executivo, que deverá definir de onde virá
o dinheiro e autorizar a Nossa Caixa a iniciar o programa.
Ryon Braga, diretor do Grupo CM de Consultoria Educacional,
diz que de 380 mil a 400 mil pessoas do Estado estão
fora das universidades porque podem pagar até R$ 300
de mensalidade, mas, em geral, elas superam R$ 400. "O
financiamento é ideal para cursos de curta duração,
de dois anos. Assim o empréstimo não fica "pesado"
quando acabar o curso."
Segundo o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais), estão ociosas 44% das 512 mil vagas
oferecidas nos processos seletivos da rede privada no Estado.
Antonio Carbonari, vice-presidente do Semesp (Sindicato das
Entidades Mantenedoras de Ensino Superior no Estado de São
Paulo), diz que quem já estuda precisa também
de linhas de financiamento.
"Cerca de 25% dos alunos do Estado são inadimplentes.
Precisaríamos financiar a mensalidade para essa população
em 50%."
Francisco Gonçalves, da União Estadual dos
Estudantes de São Paulo (UEE), pede política
de bolsas que não exija a devolução do
valor e diz que o programa é um avanço na inclusão
de pessoas no ensino superior, mas que deve haver acompanhamento
para verificar se o aluno poderá pagar o empréstimo
depois de formado.
Para o deputado estadual José Caldini Crespo (PFL),
autor do projeto que gerou a lei, seriam precisos R$ 5 milhões
para beneficiar ao menos mil alunos por ano.
"Nos anos seguintes, mais recursos devem ser aplicados,
além do retorno do valor dos primeiros empréstimos.
O ideal é que sejam beneficiados 100 mil estudantes
por ano."
LUIS RENATO STRAUSS
Da Folha de S. Paulo
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