O INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) suspendeu, sem prévio aviso,
desde segunda-feira, o pagamento dos benefícios (aposentadorias,
pensões etc.) das pessoas com mais de 90 anos de idade
e que recebem há mais de 30 anos. Também foram
suspensos os benefícios dos que têm mais de cem
anos de idade, independentemente do tempo que o benefício
vem sendo pago. Essas pessoas terão de fazer o recadastramento
nos postos do INSS para voltarem a receber seus benefícios.
Quem não se recadastrar não recebe.
A suspensão começou na segunda-feira, dia 3
deste mês, quando a Previdência iniciou o pagamento
dos benefícios referentes a outubro. Essa decisão
surpreendeu as pessoas, que só então foram informadas
da necessidade de comparecimento a um posto de benefícios.
A medida atinge cerca de 105 mil aposentados em todo o país.
O INSS justificou a decisão por necessidade de verificar
a regularidade no pagamento daqueles benefícios.
Segundo a assessoria de imprensa da Previdência Social,
dados da Força Tarefa (grupo de trabalho criado para
investigar irregularidades nos benefícios) indicam
que cerca de 30 mil benefícios podem estar sendo pagos
irregularmente, uma vez que os beneficiários poderiam
estar mortos. Nesse caso, o INSS suspeita que estelionatários
estariam recebendo em nome daquelas pessoas.
Para voltarem a receber regularmente seus pagamentos, as
pessoas terão de comparecer a qualquer posto do INSS,
munidas de documento de identidade (RG) e do cartão
de benefício.
Quem estiver impossibilitado de comparecer, por qualquer
motivo, deve nomear um procurador para ir ao posto do INSS.
Uma vez indicado o endereço em que se encontra o beneficiário,
o INSS enviará uma pessoa ao local para completar o
recadastramento. Feito o recadastramento, o pagamento é
restabelecido em até 72 horas (três dias).
O INSS deve mesmo tomar todas as medidas cabíveis
para evitar o pagamento indevido de benefícios. Entretanto,
por se tratar de decisão que afeta diretamente pessoas
com idade muito avançada, na sua maioria impossibilitadas
de locomoção, o INSS deveria ter dado ampla
publicidade ao fato e prazo maior para o recadastramento antes
de suspender os pagamentos.
MARCOS CÉZARI
Da Folha de S.Paulo
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