Se
o emprego industrial há anos enfrenta crise em todo
o mundo, no Brasil essa situação é ainda
mais severa. Uma pesquisa
feita pela companhia de investimentos norte-americana Alliance
Capital mostra que o Brasil perdeu 20% dos postos de trabalho
no setor industrial entre 95 e 2002.
A pesquisa da Alliance analisa dados
das 20 principais economias mundiais. Segundo o levantamento,
a indústria já perdeu um total de 22 milhões
de empregos no período analisado - a queda média
nos 20 países pesquisados é de 11%.
A Alliance afirma que a redução
dos postos de trabalho é generalizada e pode ser explicada
pelos ganhos de produtividade com o avanço tecnológico,
a pressão pela redução de custos e o
aumento da eficiência.
O excesso de capacidade produtiva
e a crise econômica fazem as companhias reduzirem o
número de trabalhadores especialmente no setor siderúrgico
e automobilístico. Enquanto o emprego caiu 11%, a produção
avançou 30%.
No caso do Brasil, as baixas taxas
de crescimento da economia aceleraram esse processo pois a
queda do consumo e, conseqüentemente, da demanda por
produtos tornaram a indústria ociosa, provocando as
demissões.
Até nos Estados Unidos, há
a redução de postos de trabalho. Entre 95 e
2002, a economia norte-americana perdeu 2 milhões de
empregos. China e Japão, países que estão
em crescimento, também perderam postos.
O caso mais surpreendente é
o da China. O país registrou uma queda de 15% no número
de empregos. Em 95, o número de vagas na indústria
era de 98 milhões e, em 2002, era de 83 milhões.
Mesmo assim, desde 2000, a China já abriu 2,5 milhões
de empregos. Para a Alliance, os investidores locais estão
ajustando as linhas de produção, tornando-as
mais lucrativas e enxutas.
No entanto, não são
todos os países que registram queda no emprego industrial.
Espanha e Canadá tiveram alta de mais de 20% no mesmo
período. Para os especialistas, isso pode ser explicado
pelo crescimento econômico desses países, especialmente
devido a assinatura de pactos comerciais regionais, que elevaram
a demanda, provocando o aquecimento do mercado de trabalho.
ROSE SASSARRÃO
Da Folha Online
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