Os funcionários do Banco
do Brasil de 16 Estados - São Paulo, Rio de Janeiro,
Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, Minas Gerais,
Espírito Santo, Mato Grosso, Alagoas, Piauí,
Pará, Sergipe, Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Norte
e Ceará - aprovaram ontem a nova proposta salarial
da instituição e decidiram encerrar a greve
que durou três dias e afetou agências de 19 capitais
do país.
Na Paraíba, os funcionários
rejeitaram a proposta, mas suspenderam a greve. O atendimento
deve voltar ao normal a partir de hoje nesses locais. Já
em Brasília e no Maranhão, os empregados do
BB decidiram manter a greve.
Na Caixa Econômica Federal,
a paralisação teve adesão de funcionários
de mais oito localidades e atingiu ontem 17 Estados, informa
a Confederação Nacional dos Bancários
(CNB-CUT). A tendência é a continuidade da greve,
uma vez que não há negociação
prevista com a direção da Caixa.
Em São Paulo, a decisão
de voltar ao trabalho nas agências do Banco do Brasil
foi aprovada por cerca de dois terços dos 2.100 funcionários
que participaram da assembléia ontem à noite.
No interior do Estado, o fim da greve foi aprovado em Campinas,
Rio Claro, Jundiaí, Presidente Prudente e São
Carlos.
A nova proposta do Banco do Brasil
prevê reajuste salarial de 12,6% a todos os funcionários
- mesma correção aprovada pelos bancários
do setor privado. Na oferta anterior, o BB propunha reajuste
escalonado entre 6,14% e promoções salariais
para parte dos funcionários. Segundo o banco, 75% dos
empregados receberiam 12,6%.
"Havia 40 anos o Banco do Brasil
não negociava com seriedade e recorria à Justiça
do Trabalho para conceder o reajuste. Essa proposta também
põe fim à prática de pagar reajustes
escalonados que ocorria há pelo menos 20 anos",
disse o presidente do Sindicato dos Bancários de São
Paulo, João Vaccari.
Na proposta aprovada, o banco também
aumentou de R$ 150 para R$ 200 o valor da cesta alimentação.
O abono (R$ 1.500) e a participação nos lucros
(40% do salário mais R$ 325 fixos) foram mantidos como
na proposta anterior.
Segundo os bancários, a instituição
propôs ainda acabar com o banco de horas. Nas agências
com até dez funcionários, o BB vai pagar as
horas extras em dinheiro. Nas com mais de dez empregados,
o banco paga metade das horas extras trabalhadas e converte
a outra metade em folgas.
A Folha apurou que a decisão
de manter a greve em Brasília foi motivada por um racha
na direção do sindicato. O novo comando da entidade
será eleito no próximo ano, e a oposição
à atual diretoria conseguiu adesão para rejeitar
a nova proposta.
Intervenção
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro-chefe
da Casa Civil, José Dirceu, intervieram ontem para
tentar acabar logo com a greve dos funcionários do
BB e da Caixa. O governo orientou os dois bancos oficiais
a melhorar a contraposta à reivindicação
dos trabalhadores.
Dirceu convocou uma reunião
de emergência às 13h de ontem com outros ministros
e quatro parlamentares petistas com trânsito no sindicalismo
bancário. A Folha apurou que foi uma avaliação
consensual o temor de um efeito dominó no funcionalismo
caso não fosse dada solução imediata
à greve.
Também preocupou o governo
o fato de os dois bancos oficiais serem peças fundamentais
do pagamento de benefícios sociais -até o final
do mês o governo lança o Bolsa-Família,
programa de unificação de benefícios.
Caixa
Sem nova negociação agendada com a direção
da Caixa, os empregados da instituição vão
manter a paralisação nas agências. Estão
parados 35 mil dos 56 mil funcionários do país,
avalia a CNB.
O Sindicato dos Bancários de
São Paulo informou que 50 das 180 agências na
capital, Osasco e região permaneceram fechadas. Uma
passeata na região central de São Paulo reuniu
cerca de mil funcionários - eles saíram do Complexo
São João, onde existem nove agências,
em caminhada até a sede do Ministério da Fazenda,
na avenida Prestes Maia.
De acordo com a assessoria da Caixa, a greve afetou ontem
9,3% das 2.000 agências no país. O funcionamento
foi parcial em 37,9% dos pontos de atendimento e normal em
52,8% das agências.
A Caixa ofereceu reajuste nos salários
de 12,6% -correção de 5% em parte dos complementos
salariais, como o piso de mercado (espécie de comissão)-,
abono de R$ 1.500 e participação nos lucros
de 80% do salário e R$ 650 fixos. A cesta alimentação
proposta é de R$ 80 -e não R$ 200, como querem
os empregados.
CLAUDIA ROLLI
KENNEDY ALENCAR
Da Folha de S. Paulo |