O ministro
de Segurança Alimentar e Combate à Fome, José
Graziano, defendeu ontem a inclusão de R$ 3,6 bilhões
do Fundo de Combate à Pobreza no Orçamento do
próximo ano como gastos em saúde. Parlamentares
acusam o governo de estar maquiando o Orçamento para
atingir o mínimo de investimentos exigido pela Constituição
para a área.
"Saúde
não é só gasto com hospital. Valorizar
alimentação e saneamento básico é
fazer uma medicina preventiva, em vez de curativa", disse
ele, que participou de café da manhã na Câmara
com a bancada do Nordeste.
O ministro
foi aplaudido ao falar do "milagre" que aconteceu
na cidade de Guaribas (PI) depois que o Fome Zero foi implementado.
"É uma coisa que vale a pena ver, o milagre que
se opera quando você joga dinheiro nessas pequenas cidades
e consegue estimular a produção agrícola
local".
Segundo
ele, uma das prioridades do Fome Zero para o próximo
ano é um programa de educação alimentar.
"Somos um país de gente famélica [faminta]
e de gorduchos cheios de colesterol, hipertensão e
diabetes", disse ele.
No encontro
não houve referência ao mal-estar criado no início
do ano após o ministro vinculou a violência urbana
em São Paulo à migração de nordestinos.
"Temos que criar emprego lá, temos que gerar oportunidade
de educação lá, temos que gerar cidadania
lá, porque se eles continuarem vindo para cá,
nós vamos ter que continuar andando de carro blindado",
afirmou Graziano na época.
"No
começo, houve uma reação de justa indignação.
Foi uma expressão infeliz, uma construção
infeliz de uma frase, meu objetivo não era aquele,
e [a frase] foi usada eleitoralmente", disse ele.
Questionado
se sentia-se desprestigiado pelo fato de o Fome Zero ter virado
um selo após a unificação dos programas,
ele negou que sua pasta tenha sido esvaziada.
FERNANDA KRAKOVICS
Da Folha de S. Paulo
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