Os
presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Néstor
Kirchner vão assinar amanhã um acordo conjunto
de combate à pobreza. O texto prevê a intensificação
na troca de experiências na área social para
reduzir os alarmantes números que atingem ambos os
países.
O documento
será um dos vários que serão firmados
durante a visita de Lula à Argentina, a maioria de
conteúdo econômico e comercial. A intenção
é ampliar a troca de experiência entre projetos
como o Fome Zero e o A Fome Mais Urgente, lançado no
começo de julho pelo governo argentino e que foi criado
aos moldes do programa brasileiro.
Segundo
o assessor de assuntos externos do governo brasileiro Marco
Aurélio Garcia, a intenção não
é unificar programas. "São dois países
muito complexos para se chegar um nível de comprometimento
assim", disse à Folha.
A idéia
compartilhada por ambos os governos é colocar em prática
o Instituto Social Brasil-Argentina, criado em abril deste
ano -quando Eduardo Duhalde ainda era presidente- e que até
agora não saiu do papel. Para isso, haverá uma
nova reunião entre os técnicos e ministros das
áreas sociais de ambos os países no mês
de novembro.
O objetivo
do instituto é funcionar como elo para troca de experiências
na área social realizadas nos dois países. A
Argentina tem hoje um dos maiores programas sociais da América
Latina, o Chefes e Chefas do Lar, que atende, segundo dados
do Ministério de Desenvolvimento Social, 1,2 milhão
de trabalhadores que compõem o elevado índice
de desemprego do país (15,4% em maio, último
dado disponível).
Essas
pessoas recebem por mês um salário de 150 pesos
para ajudar na manutenção da casa. São
na sua maioria mães e pais de família que dependem
dos recursos para se sustentar.
Lula
e Kirchner vão assinar uma declaração
conjunta que trará, além do Consenso de Buenos
Aires, uma série de acordos técnicos. Um deles
será na área de defesa da concorrência.
Outro vai criar uma comissão permanente de monitoramento
do comércio.
ELAINE COTTA
Da Folha de S. Paulo, sucursal de Buenos Aires
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