Metade dos pacientes paraplégicos
e tetraplégicos tratados com células-tronco
no Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das
Clínicas começou a reagir positivamente à
terapia. O estudo, iniciado em humanos há pouco mais
de um ano, é a grande esperança para os portadoras
de lesão medular completa, ou seja, aqueles que perderam
os movimentos e a sensibilidade.
Apesar de bastante sutil, o resultado é animador.
Quando a pessoa sofre uma lesão medular, o cérebro
não consegue captar o impulso elétrico da perna
estimulada, pois ocorre uma interrupção deste
sinal na medula. “Observamos em alguns pacientes que
o impulso elétrico começou a passar pela medula
e ir para o cérebro”, conta Erika Kalil, médica
do grupo de coluna vertebral do HC.
Do ponto de vista prático, o paciente não sente
nada fisicamente. Mas, para os médicos, a resposta
significa que de alguma forma as células-tronco podem
ser capazes de restaurar a função medular. “Ainda
é muito cedo para comemorar. É claro que se
trata de um importante resultado, mas não podemos criar
falsas expectativas nos pacientes”, diz Erika, que apresentará,
na próxima semana, os resultados iniciais do estudo
no Encontro Internacional sobre Células-Tronco.
A técnica criada pelos especialistas do HC utiliza
medicamentos que estimulam a migração para o
sangue de células-tronco (estrutura capazes de se transformar
em vários tipos de células, como as nervosas,
de acordo com o estímulo dado). O paciente fica internado
cerca de cinco dias e recebe cerca de dez aplicações
de flogastrina. Após alguns dias, os médicos
captam estas células e as armazenam em equipamentos
especiais. O passo seguinte é reinjetá-las no
organismo do portador exatamente no local da lesão.
Até agora, 30 pacientes são acompanhados.
Uma das pacientes a participar do estudo é a ex-técnica
da seleção brasileira de ginástica artística,
Georgete Vidor. “Fiquei surpresa em saber desse resultado.
Espero que eu esteja entre os que reagiram”, diz.
LUCIANA SOBRAL
De O Diário de S. Paulo
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