Nem mesmo a queda consecutiva nas
taxas de juros consegue dar algum fôlego para as compras
(e para as contas) do consumidor. A economia está na
casa dos centavos, seja nas operações bancárias
ou na venda a prazo no comércio.
Antes do anúncio da redução de um ponto
percentual, os clientes de bancos pagavam uma taxa de 9% ao
mês, em média, para usar o cheque especial. A
utilização de R$ 1 mil durante 20 dias, custava
R$ 60,20 em juros. O valor pago pelo uso da linha era R$ 0,93
inferior ao do mês anterior.
Agora, com a taxa básica (Selic) em 19%, os juros
cobrados pelas instituições financeiras cai
para 8,96%, em média, pelas contas da Anefac, entidade
que representa os executivos de finanças. Com isso,
ao se usar os mesmos R$ 1 mil, o custo fica em R$ 59,73. Isso
representa uma redução nos gastos de R$ 0,47
no mês ante setembro.
Portanto, em dois meses de queda nas taxas, o consumidor
economizou no total R$ 1,40 (R$ 0,93 + R$ 0,47) -que equivale
a uma lata de refrigerante.
Nas lojas, a situação pouco se altera. Ao se
comprar uma geladeira hoje, de R$ 800 em 12 parcelas, paga-se
R$ 1.160 ao final das prestações. O valor leva
em conta a queda na taxa Selic e considera uma taxa de juros
média nas lojas atualmente em 6,25%.
Há um mês, a mesma compra custaria R$ 1.165.
Portanto, a economia feita, de R$ 5, equivale a uma redução
nos gastos de R$ 0,41 em cada mês -já que a operação
foi feita em 12 parcelas iguais.
Dinheiro caro
"O efeito da queda anunciada hoje [ontem] será
muito pequeno", disse Miguel José Ribeiro de Oliveira,
presidente da Anefac.
No caso do comércio, isso ocorre porque a rede de
varejo, principalmente a de pequeno porte, ainda capta recursos
pagando caro pelo dinheiro. E as financeiras -que oferecem
linhas de crédito nas lojas- nem sempre repassam, de
forma automática, a queda na Selic ao mercado.
Exemplo: se uma loja de eletroeletrônicos buscar recursos
no mercado para financiar seus consumidores, ela vai pagar
uma taxa ao banco hoje de 4,25% ao mês (ou 64,78% ao
ano) em média. Nesse caso, já entra no cálculo
da taxa a queda na Selic.
Se fosse captar recursos no mês anterior, em setembro,
a diferença não seria tão grande -a taxa
média estava em 4,32% ao mês.
ADRIANA MATTOS
Da Folha de S. Paulo
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