Se não chover o previsto entre hoje à noite e amanhã,
sexta-feira a Sabesp (empresa de saneamento de SP) já
terá certeza de que os 9 milhões de moradores
da Grande São Paulo abastecidos pelo sistema Cantareira
entrarão em racionamento. Nesse caso, a produção
de água será cortada em 1/3.
Isso significará dividir a população
atendida em três blocos de 3 milhões de pessoas,
cada um dos quais ficará desabastecido por no mínimo
24 e no máximo 36 horas. Uma das três bombas
da estação elevatória Santa Inês
será desligada e, de 33 mil litros por segundo, a captação
irá para 22 mil l/s.
A Sabesp, porém, mantém a decisão de
evitar a todo custo ter de colocar em prática, pela
primeira vez, o plano de racionamento do Cantareira. Ele operava
ontem com 3,5% de sua capacidade máxima -a pior situação
desde sua implantação, nos anos 70.
Amedrontam o tamanho do sistema, o maior da região
metropolitana, a topografia acidentada da área atendida
e problemas como idade da rede e as ligações
clandestinas, sobretudo na periferia da zona norte da capital,
que dificultam a retomada do abastecimento depois de paradas.
Racionar água implicará aberturas e fechamentos
constantes de válvulas -e, consequentemente, mobilização
de equipes 24 horas por dia, além do risco permanente
de desequilíbrios na pressão interna da tubulação
e, por isso, de rachaduras e vazamentos.
Será difícil também garantir o horário
de corte e o horário de normalização
do fornecimento.
O Cantareira atende cerca de 3,1 milhões de imóveis.
O sistema Alto Cotia, por exemplo, serve só 3,2% disso
(100 mil imóveis) e, ainda assim, enfrentou dificuldades
de reabastecimento nos primeiros 15 dias de racionamento.
A previsão da empresa de meteorologia Climatempo é
que a chuva acumulada entre hoje e amanhã na cidade
de São Paulo fique em torno de 12 mm (1 mm é
igual a 1 litro por 1 m2). Sexta-feira ainda pode chover mais
10 mm.
Ontem a Sabesp bombardeou nuvens para tentar antecipar essa
precipitação (um avião sobrevoa nuvens
carregadas e joga nelas água para torná-las
mais pesadas), mas a empresa só saberá hoje
se a empreitada deu resultado.
A relutância técnica em decretar o racionamento
no Cantareira (zonas norte, central, oeste e parte da sul
e leste de SP, além de outras dez cidades da Grande
SP) se converteu na análise de curtíssimo prazo
da situação do sistema, na qual a mera estabilização
da queda em 0,2 ponto percentual por dia já é
avaliada como bom sinal.
Mesmo se as precipitações que estão
previstas para os próximos dias vierem, a Sabesp afirma
que darão fôlego apenas de uma semana para o
Cantareira.
As informações são da Folha de S. Paulo.
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