O Programa
Nacional de DST/Aids anunciou ontem um acordo com o laboratório
Bristol-Myers Squibb que prevê a distribuição
de novo medicamento anti-retroviral com redução
recorde de preços. O inibidor de protease Atazanavir
será adquirido com preço 76,4% menor do que
é cobrado no mercado. Cada cápsula custará
ao País US$ 3,25, enquanto o preço de fábrica
é de US$ 13,8. O acordo permitirá uma economia
ao programa de cerca de R$ 191 milhões.
Registrado neste ano no Brasil, o Atazanavir já integra
o guia para tratamento de pacientes portadores de HIV feito
pelo Ministério da Saúde. Assim como o Lopinavir,
da Abott, é considerado uma droga de primeira escolha.
Mas com algumas vantagens. O custo diário do tratamento
com a nova droga é menor – US$ 6,5, enquanto
o Lopinavir sai por US$ 9. Além disso, o Atazanavir
é usadoumavez ao dia; o Lopinavir, duas vezes.
Mesmo com as vantagens, o coordenador do Programa Nacional
de DST/Aids, Alexandre Grangeiro, afirma estar descartada
a hipótese de substituição de um medicamento
por outro. “A droga será indicada para novos
casos.” Com a inclusão do Atazanavir, o Brasil
passa a oferecer 15 anti-retrovirais. Grangeiro considerou
“histórico” o acordo com o laboratório.
“Nunca uma droga nova teve seu preço tão
reduzido. Um sinal da compreensão maior dos laboratórios
de que países em desenvolvimento têm de ter um
tratamento diferenciado.” A transação
é anunciada num momento em que o Brasil tenta reduzir
o preço de três medicamentos usados no coquetel,
entre eles o Lopinavir. As negociações começaram
há meses, mas ainda não tiveram sucesso.
Além da Abbott, os encontros vêm sendo realizados
com a Roche (fabricante do Nelfinavir) e a Merck Sharp &
Dhöme (fabricante do Efavirenz). As três drogas
representam 63% dos gastos do ministério com anti-retrovirais.
As negociações estão mais avançadas
com a Merck.
Nos encontros, discute-se simultaneamente a redução
do preço e a licença voluntária, o que
permitiria a produção em laboratórios
oficiais brasileiros. O ministério faz ainda testes
de bioequivalência em genéricos dos três
medicamentos, produzidos na Índia e na China. Se sua
qualidade for comprovada, o Brasil
poderá importá-los.
Lígia Formenti,
do O Estado de S.Paulo.
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