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trapassa
13/11/2003
Dinheiro falso "engana" 15% dos paulistanos

Pelo menos 25% dos moradores de São Paulo já foram vítimas de estelionato na cidade nos últimos 12 meses. Entre as modalidades de estelionato, a líder em fraudes é a emissão de dinheiro falso, que atinge 15% dos paulistanos. No ranking das fraudes, o segundo lugar é o cheque sem fundos, que responde por 7% dos casos.

Os dados constam da pesquisa sobre vitimização em São Paulo realizada pelo IFB (Instituto Futuro Brasil) na qual foram ouvidas mais de 20 mil pessoas, em 5.000 domicílios na cidade nos últimos 12 meses. Trata-se do levantamento mais abrangente do gênero já feito no Brasil.

O economista Cláudio Haddad, presidente do IFB, disse que ele mesmo se mostrou surpreso com a quantidade de dinheiro falso que circula no Brasil. Ele atribui esse percentual expressivo à estabilização da economia, conquistada com o Plano Real.

Antes da estabilização, Haddad diz que o normal era falsificar dólar, que era uma moeda estável. Agora, como a moeda no Brasil não perde mais o valor como no período da inflação, o real se tornou uma opção para os falsificadores. "A tendência natural é falsificar moeda estável", afirma Haddad.

O próprio Banco Central já tinha constatado o aumento do volume de dinheiro falto, desde o Real. No ano passado, o BC computou 180 mil notas falsificadas de R$ 50.

De acordo com a pesquisa do IFB, o número de vítimas de notas falsificadas é o dobro do total de casos registrados com cheques sem fundos, que estava batendo recordes até há pouco tempo.

De janeiro a agosto deste ano, a Serasa (Centralização dos Serviços Bancários) registrou o maior volume de devoluções de cheques desde que esse indicador começou a ser calculado, em 1991. Foram 15,9 cheques devolvidos a cada mil compensados.

O grande problema constatado pela pesquisa é que as vítimas da fraude do dinheiro falso não se queixam à polícia. Só 2% das pessoas registram a fraude em boletins de ocorrências nas delegacias.

Já em relação ao cheque sem fundos, as queixas são maiores, apesar de também serem muito pequenas. Dos 7% das vítimas desse tipo de fraude, apenas 3,6% informam à polícia.

Haddad diz que, no caso de fraudes como de falsificação de dinheiro e de cheque sem fundos, a vítima prefere esquecer o assunto. Bem diferente, por exemplo, do que ocorre no caso de furto de automóveis, no qual 90% das vítimas registram a ocorrência nas delegacias.

Além de falsificação de dinheiro e cheque sem fundos, a pesquisa constatou também as seguintes modalidades de estelionato: desvio de linha telefônica residencial (2%), fraude contra cartão de crédito (1,4%) e produtos não entregues (1,3%).

Outros tipos de estelionato como documento falso, celular clonado e fraude em investimento foram registrados em 3,5% do total de vítimas entrevistadas.

Haddad diz que esses dados sobre estelionato tornam-se mais preocupantes em razão de seu efeito nocivo sobre o desempenho da economia.

Embora não seja possível medir o impacto do estelionato sobre o PIB (Produto Interno Bruto), sabe-se que a disseminação desse tipo de golpe, como a emissão de notas falsas e o cheque sem fundos, só aumenta a desconfiança da sociedade e dificulta a realização de negócios.




Guilherme Barros,
da Folha de S.Paulo.

   
 
 
 

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