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trabalho
11/11/2003
TST defende a CLT e acha difícil aprovação da reforma sindical

O vice-presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Vantuil Abdala, disse ontem — quando a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) completou 60 anos — que acha difícil a aprovação de uma reforma sindical, apesar das tentativas do Governo. “Sou muito cético quanto à reforma”, afirmou, durante congresso na Faculdade de Direito da USP que discute justamente a CLT. Para ele, há forte resistência tanto do lado patronal como dos trabalhadores, principalmente para manter a contribuição sindical obrigatória. “A grande maioria dos sindicatos são apenas arrecadadores”, disse.

Para o ministro, há vontade política do Governo (no sentido de fazer a reforma), mas não “do partido do Governo (PT)”. Ele também identificou a existência de mais de um discurso a respeito do tema dentro da CUT e citou também entidades empresariais, como as federações da indústria, que estariam interessadas na manutenção integral do Sistema S (Sesi, Senai e outros).

Atribuir os problemas do mercado de trabalho à CLT é uma balela, afirmou o ministro, acrescentando que a legislação foi sendo modificada ao longo dos anos. “A própria Constituição já trouxe normas no caminho do que se quer chamar de flexibilização”, observou, citando a possibilidade de redução da jornada e dos salários e os turnos de revezamento, previstos no artigo 7º.

O mais importante, lembrou Abdala, é estimular a negociação coletiva. “Nosso sistema sindical é uma balbúrdia. Se não acabarmos com a contribuição obrigatória, não teremos nunca sindicatos representativos.”

Fachada
A procuradora-geral do Trabalho, Sandra Lia Simón, defendeu o fim da unicidade sindical (princípio), a extinção do imposto sindical e o fortalecimento das centrais sindicais. Para ela, é preciso acabar com os sindicatos “de fachada”, que arrecadam contribuições sem defender de fato os trabalhadores que deveria representar

O professor Oscar Ermida Uriarte, da Faculdade de Direito de Montevidéu (Uruguai), disse que as mudanças na lei não podem ser impostas. “O que temos visto (na União Européia) é uma flexibilização negociada. Aqui (na América Latina), o que vemos é uma concessão dos trabalhadores a troco de uma mera expectativa de que não haja demissão.”

A reforma sindical está sendo discutida no Fórum Nacional do Trabalho, coordenado pelo Ministério do Trabalho. O ministro Jaques Wagner, por sinal, foi o grande ausente na abertura do congresso da USP, que termina hoje e tem como tema “De Vargas a Lula”, referência ao atual presidente e ao presidente que criou a CLT, em 1943. O Governo espera enviar ainda neste ano um projeto de reforma ao Congresso.

A CLT foi aprovada pelo Decreto-lei 5.452, de 1º de maio de 1943. Mas o decreto entrou em vigor apenas em 10 de novembro. Tem 922 artigos.



Vitor Nuzzi,
do Diário de S.Paulo.

   
 
 
 

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