HOME | COLUNAS | SÓ SÃO PAULO | COMUNIDADE | CIDADÃO JORNALISTA | QUEM SOMOS
 
Social
13/11/2003
País questiona eficácia de instituições para jovens infratores

O crime brutal dos jovens namorados levantou uma questão: as instituições para infratores são capazes de recuperar menores que matam sem piedade?

A Febem de Franco da Rocha, em São Paulo, possui 270 jovens e adolescentes que cometeram crimes e nenhuma medida sócio-educativa.

São dez jovens em cada cela. Quase todos reincidentes e o próximo crime pode ser ali mesmo. Dois infratores e um funcionário já foram mortos esse ano. Internos mostram hematomas, funcionários apresentam fraturas.

Alguns agentes foram mantidos reféns e espancados por mais de uma hora. Um perdeu um dedo, e quase a vida. “Só na cabeça aqui tem 30 e poucos pontos, aqui no braço, mais alguns na testa, aqui me furaram”, diz um interno.

Um outro também tem medo de ser identificado. “Eles falam a gente pode matar qualquer um de vocês. Mesmo no confronto, se você arrebentar um deles você vai preso”, afirma. Nas celas, a denúncia não é só de espancamento. Policiais da muralha são acusados de praticar tiro ao alvo com balas de borracha.

“Nós aqui xepando, comendo e eles dando tiro. Ó o tamanho da bala”, diz um interno. A equipe do Jornal da Globo gravava a reportagem quando explodiu mais uma rebelião, dessa vez na unidade vizinha.

Acompanhamos o pânico dos funcionários e a revolta dos 90 internos. Por causa de uma tentativa de fuga frustrada, eles destruíram parte das instalações, fizeram nove reféns e só se acalmaram depois de muita negociação.

A maior parte dos internos em franco da rocha já passou dos 18 anos. O que eles tem de idade, o juiz Eduardo Cortez tem de experiência na vara de infância e juventude. Cansado de ouvir as críticas ele visitou a unidade de Franco da Rocha. Saiu de lá envergonhado.

“Aqui quando eu os interno eu falo que é para melhor situação deles e quando cheguei lá e constatei aquela situação desumana eu fiquei extremamente vexado porque o que eu havia prometido não estava sendo cumprido”, afirma Cortez.

A procuradora do Ministério Público do Trabalho, Cristina Ribeiro, concluiu que falta treinamento e segurança para quem passa boa parte da vida em situação de risco.

“Esses internos dificilmente vão ter uma reeducação para se reintegrar à sociedade e por parte dos agentes eles também estão despreparados para trabalhar com os internos”, afirma ela.

Rigor sem violência e uma profunda mudança no sistema. Essa é a esperança da Justiça. “Espalhar esses adolescentes para unidades menores pela capital e interior. Colocando-os mais perto dos familiares e haja um processo de ressocialização e acompanhamento para que quando eles saírem da unidade, eles possam ter um convívio social tranqüilo”, diz Eduardo Cortez.

“Embora tenhamos feito de tudo para aplicar as medidas sócio-educativas eles não querem, insistem em não praticar. Enquanto a maioria dos adolescentes ainda tem uma resposta adequada” diz Paulo Sérgio De Oliveira e Costa, presidente da Febem.

A Justiça deu à Febem 20 dias para reformar a unidade de Franco da Rocha. O lugar deve ter espaço para que os internos recebam tratamento de Saúde, educação e sejam separados por idade e gravidade dos crimes. Se a determinação não for cumprida o presidente da Febem poderá ser afastado.

As informações são do Jornal da Globo.

   
 
 
 

NOTÍCIAS ANTERIORES
13/11/2003 Estudo da Febem mostra o aumento do número de infratores de 12 a 14 anos
13/11/2003 Mulheres aliciam para a prostituição infantil
13/11/2003 Dinheiro falso "engana" 15% dos paulistanos
13/11/2003 Governo baixa decreto para criar conselho municipal de previdência
13/11/2003 Indústria de SP contrata pelo 2º mês seguido
13/11/2003 Cidade diz ter ficado "imune" à favelização
13/11/2003 Governo recua e edita MP que beneficia alunos deficientes
13/11/2003 Sociedade não fiscaliza gastos, indica pesquisa
12/11/2003 28% dos prefeitos do país não têm 2º grau, diz IBGE
12/11/2003 Lula veta benefício para alunos deficientes