HANOVER,
EUA - O contato inter-racial deixa exaurido o cérebro
de pessoas que guardam algum grau de preconceito racial, devido
a um suposto esforço para controlar reações
ou pensamentos, mostra uma nova pesquisa americana.
No estudo, publicado na edição on line da revista
"Nature Neuroscience", pesquisadores aplicaram a
30 voluntários brancos um teste-padrão para
verificar se eles abrigavam algum grau de preconceito racial.
O teste é considerado controverso, mas a correspondência
de resultados com os demais testes aplicados na pesquisa surpreendeu
os cientistas da Faculdade de Darmouth, , no estado de New
Hampshire, nos EUA.
No teste, os voluntários tiveram que associar conceitos
negativos e positivos a imagens de pessoas brancas ou negras.
O preconceito é medido pelo padrão com que se
demora a associar conceitos negativos aos brancos e conceitos
positivos aos negros. Os cientistas alertam, porém,
que isso não quer dizer que as pessoas nas quais o
teste detectou algum grau de preconceito fossem declaradamente
racistas ou adotassem comportamentos preconceituosos no dia
a dia. Depois, os participantes foram convidados para entrevistas
com pessoas negras ou brancas. Logo em seguida, submeteram-se
a um teste não relacionado para medir o desempenho
cognitivo. Os voluntários nos quais o teste inicial
detectou algum grau de preconceito foram os que se saíram
pior no teste cognitivo, como se a necessidade de interagir
com uma pessoa de outra raça os tivesse esgotado mentalmente.
Um indício de como esse esgotamento ocorre foi dado
por um outro teste realizado na pesquisa. Os cientistas usaram
exames de ressonância magnética funcional para
verificar como reagia o cérebro dos voluntários
quando eles viam fotografias de pessoas brancas e negras.
"Descobrimos que as pessoas brancas com grau mais alto
de preconceito experimentavam uma grande atividade neural
em resposta às fotografias de negros. A atividade elevada
era no córtex pré-frontal dorsolateral direito,
uma área na parte da frente do cérebro que está
associada ao controle de pensamentos e comportamentos",
relatou em um comunicado a chefe da pesquisa, Jennifer Richeson,
professora assistente de psicologia e ciências do Cérebro
da Faculdade de Dartmouth.
Ela disse que o teste deixa clara uma tentativa de suprimir
alguma reação ou pensamento, ainda que não
seja possível saber quais.
Ao analisar a pesquisa em conjunto, todos os dados confirmavam
uns aos outros. "Ficamos surpresos por descobrir que
a atividade cerebral em resposta à imagem de indivíduos
negros predizia como os participantes haviam se saído
nos testes cognitivos depois de interações reais
com pessoas de outra raça", disse a cientista.
Ou seja, pessoas em que o cérebro ficou "cansado"
depois de uma entrevista com um negro foram as mesmas que,
diante das fotos, mostraram grande atividade na área
relacionada ao autocontrole.
Os pesquisadores dizem que o estudo demonstra que o preconceito
racial, ainda que não intencional ou não declarado,
faz com que as relações com pessoas de outra
raça exijam mais do cérebro e o cansem - como
exercícios exaurem os músculos.
A pesquisa conclui: ter preconceito racial em uma sociedade
onde a diversidade é cada vez maior pode ser ruim para
o desempenho do cérebro.
As informações são
do GloboNews.com.
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