Metade das
escolas públicas da Amazônia Legal não
tem energia elétrica. A informação é
do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
Anísio Teixeira (Inep), que avaliou a situação
por município a partir das informações
colhidas no Censo Escolar de 2002. No Acre, 62% das escolas
não têm luz elétrica. No Pará são
57,1%. O Estado em melhor condição é
o Amapá onde apenas 25,8% das escolas do ensino básico
estão no escuro.
O cruzamento foi feito a pedido das Centrais Elétricas
do Norte do Brasil (Eletronorte) e é um dos indicadores
sobre o contingente de brasileiros que vivem sem energia elétrica
no País. Na semana passada, o governo lançou
o programa Luz Para Todos, que pretende levar energia elétrica
a 12 milhões de pessoas até 2008.
Perfil
A pesquisa do Inep traçou também um perfil das
escolas do ensino básico que estão no escuro
na Amazônia Legal. Apesar de representarem metade das
escolas existentes na região, elas só possuem
11% dos alunos matriculados na região. Quase todas
as unidades (99,6%) são rurais e pequenas e atendem,
em média, a 40 alunos. Os Estados do Pará e
Maranhão têm 72% dos alunos matriculados em escolas
sem energia elétrica da Amazônia Legal.
Segundo o Inep, a falta de energia elétrica impede
ainda que esses alunos tenham acesso a computador, televisão
e vídeo, equipamentos cada vez mais usados no processo
de aprendizagem. Nem os professores podem se aperfeiçoar
ou se qualificar assistindo aos programas da TV Escola, produzidos
pelo Ministério
da Educação (MEC).
Tampouco se pode criar um turno à noite para atender
alunos mais velhos. “É uma situação
prejudicial para uma região com grande contingente
de analfabetos e de pessoas de baixa escolaridade”,
adverte o estudo do Inep, intitulado Subsídios para
Eletrificação das Escolas de Educação
Básica da Amazônia Legal.
A Amazônia Legal abrange 5,2 milhões de quilômetros
quadrados, somando as áreas dos sete Estados do Norte,
o Mato Grosso e o Maranhão, e tem 21 milhões
de habitantes. A maioria dos moradores é de jovens:
51% têm menos de 20 anos.
O relatório do Inep, já entregue à Eletronorte,
ressalta que esse perfil dos moradores mostra ser necessário
“o fortalecimento de políticas para o setor educacional
e a formação profissional”.
Os Ministérios da Educação e das Minas
Energia devem, até o fim do ano, firmar acordo para
garantir luz elétrica para as escolas da Amazônia
Legal. Com isso, parte dos R$ 7 bilhões do programa
Luz para Todos deverá ser aplicada prioritariamente
nas escolas mais distantes da região. O MECse encarregará
de garantir aos estabelecimentos acesso à TV Escola
e internet para o uso dos alunos e professores.
Sandra Sato,
do O Estado de S.Paulo.
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