As mortes por causas externas (acidentes e violência) cresceram no Brasil
e, em 2002, foram responsáveis por 70,67% dos óbitos
de rapazes de 15 a 24 anos. É a maior taxa desde 1990.
O problema também começa a atingir as mulheres
e, nos últimos anos, cresceu mais entre jovens do sexo
feminino, segundo o IBGE.
De 1990 a 2002, a proporção de mortes por causas
externas -acidentes de trânsito, envenenamentos, afogamentos,
quedas, homicídios e suicídios- no total de
mortes de mulheres jovens (15 a 24 anos) cresceu 20,8%. Entre
homens na mesma faixa de idade, o crescimento foi de 17,2%.
Mesmo assim, as mortes violentas ainda são mais comuns
entre homens, principalmente os de 15 a 24 anos.
Em 2002, 34,14% das mortes de mulheres jovens foram violentas.
Entre homens jovens, 70,67%. Em 1990, as mortes violentas
na faixa etária eram 60,25% entre homens e 28,25% entre
mulheres.
As mortes por causas externas também vêm crescendo:
entre homens, representaram, em 2002, 16,31% das mortes, o
triplo do verificado entre mulheres, 4,53%. Em 1990, as mortes
violentas eram 14,17% dos óbitos de homens e 4,33%
dos de mulheres.
"Há uma epidemia de violência no país",
disse o demógrafo do IBGE Celso Simões, para
quem isso já influencia na redução da
expectativa de vida dos homens.
Em 2002, a expectativa de vida do homem chegou a 67,3 anos,
contra 74,9 anos para as mulheres. A diferença vem
crescendo nos últimos anos, e o principal motivo são
as mortes violentas.
Os dados do IBGE apontam ainda um crescimento generalizado
das mortes violentas em várias regiões do país,
possivelmente relacionada a motivos diferentes.
Enquanto no Sudeste as mortes violentas parecem estar mais
relacionadas a questões urbanas, como crimes e acidentes
de trânsito, nas áreas rurais essa mortalidade
estaria ligada à violência resultante de conflitos
pela posse da terra.
No Sudeste, 79,64% das mortes de jovens são por acidentes
ou violência. No Sul, 70,09%.
O Rio é o Estado com maior taxa de mortes violentas
de rapazes: 270,3 por 100 mil habitantes. A seguir, vêm
Amapá (244,1), São Paulo (233,9), Espírito
Santo (228,2), Roraima (219,5) e Pernambuco (217,1). A taxa
nacional é de 151,1 por 100 mil habitantes.
Entre as mulheres de 15 a 24 anos, a mais alta taxa de mortalidade
por causas violentas foi registrada no Espírito Santo
(44). A menor, no Ceará (8,4). A taxa nacional é
18 por 100 mil habitantes.
FERNANDA DA ESCÓSSIA
da Folha de S.Paulo
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