A união
entre as questões locais e os Objetivos de Desenvolvimento
do Milênio das Nações Unidas tem sido
usada por diversas organizações da sociedade
civil como método de trabalho. Elas têm adaptado,
estendido e atualizado as metas propostas pela ONU de acordo
com os problemas das regiões onde vivem. Essa foi uma
das tendências detectadas em uma pesquisa com mais de
270 organizações da sociedade civil de 82 países
— 9% delas são da América Latina.
O relatório, intitulado Engajamento da Sociedade Civil
nos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, foi elaborado
pelo projeto "We the Peoples...", formado pelo North-South
Institute e pela WFUNA (Federação Mundial das
Associações das Nações Unidas).
Entre as entidades pesquisadas, 81,2% conheciam os Objetivos
do Milênio. Dessas, 85,8% realizam atividades para ajudar
a promover e a atingir esses Objetivos. A maioria delas (62%)
trabalha com um Objetivo específico e 39% com eles
como um todo. O tema que mais atrai projetos é o terceiro
Objetivo, sobre a igualdade entre os sexos e a autonomia das
mulheres. Em segundo lugar, está o sobre a sustentabilidade
ambiental.
O estudo apontou também que há diferentes percepções
sobre os Objetivos de Desenvolvimento entre as regiões.
Algumas entidades do Hemisfério Norte acreditam que
os ODMs são uma promessa importante, mas que não
conseguirão trazer mudanças. Outras dizem que
mudanças mais radicais precisam ser feitas.
No Hemisfério Sul, há uma tendência de
dividir o mundo entre "nós" (os países
em desenvolvimento) e "eles" (os desenvolvidos)
e de acreditar que a separação entre esses dois
mundos é muito grande. Muitas entidades do Sul reclamaram
que os passos dos Objetivos são decididos somente pelos
países ricos. Outras, também do Sul, não
acreditam que os Objetivos possam ser atingidos no prazo estabelecidos,
mas estão otimistas quanto a importância das
mudanças que podem ser alcançadas. Tanto no
Hemisfério Sul quanto no Norte muitas entidades estão
impacientes e pedem mais ações específicas.
Apenas 8% das organizações consultadas acreditam
que os ODMs serão atingidos no prazo em seus países
— 62% dos participantes duvidam que isso aconteça.
Quase a metade das organizações, 46%, respondeu
que o PNUD é a sua principal ligação
com as Nações Unidas. Apesar disso, 75,8% disseram
que a agência não os consultou na hora de formular
os relatórios sobre os progressos de seus países
em relação aos Objetivos.
A cobertura da mídia sobre os Objetivos do Milênio
também foi avaliada pelas organizações
consultadas. Mais da metade (54,1%) das entidades considera
o trabalho da mídia sobre o assunto limitado; 24,5%
dizem que essa cobertura não existe em seus países,
16,4% afirmaram que a mídia faz um bom trabalho e apenas
5% consideram a cobertura excelente.
A pesquisa apontou que as organizações defendem
mais campanhas de informação sobre os Objetivos.
Há também uma preocupação sobre
a distribuição da renda gerada com o desenvolvimento
e uma crença de que questões sobre direitos
humanos precisam estar em futuros planos e metas. Além
disso, as práticas de transparência e boa governança,
além das necessidades de idosos, deficientes, indígenas
e refugiados precisam ser cobertas pelos Objetivos.
As informações são
do site PNUD Brasil.
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