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economia
21/01/2004
Brasil segue líder em juros altos, mesmo com novo corte

RIO e BRASÍLIA - Qualquer que seja a decisão do Comitê de Política Monetária, hoje, sobre a redução da taxa básica de juros (Selic), o Brasil permanecerá com o incômodo título de campeão mundial dos juros altos. A taxa real (descontada a inflação prevista para os próximos 12 meses) está em 9,9% ao ano, de acordo com levantamento da consultoria Global Invest. A segunda colocada no ranking é a Hungria, com 8,6%. Nas contas do economista Alexsandro Agostini, para que o Brasil perdesse a liderança, o Copom teria de reduzir a Selic em 1,5 ponto percentual, o que ele admite estar fora de cogitação.

A taxa básica nominal (sem considerar a inflação) está em 16,5% ao ano e a maioria dos analistas prevê um corte de 0,5 ponto percentual, embora nos últimos dias tenham crescido as apostas numa redução de 0,75 ou até mesmo de 1 ponto.

Agostini explica que, apesar do recuo de 10 pontos percentuais da Selic em 2003, a redução não acompanhou o ritmo de queda da inflação. Por isso, os juros reais subiram. O economista acredita que o Copom deverá cortar a taxa básica em 0,5 ponto por mês até março, para que o país deixe o topo do ranking.

"Agora nem é aconselhável fazer reduções mais bruscas, porque o BC tem de fazer a sintonia fina. Devia ter reduzido mais em outubro, quando tinha espaço", criticou.

O ex-diretor do BC Carlos Thadeu de Freitas, embora ressalvando que há espaço para a redução de 1 ponto, também acredita que o corte ficará em 0,5 ponto. Ele explica que o BC está mirando a meta de inflação deste ano, de 5,5%, mas alerta que a cautela excessiva poderá travar a retomada da atividade econômica.

A economista Ana Higa, do Banco Santos, teme a inflação.

"Vemos setores falando em recomposição das margens de lucro. Isso preocupa um pouco".

Os elevados juros cobrados pelos bancos estão inibindo a concessão de crédito, principal alavanca para o crescimento econômico. A avaliação é do próprio presidente da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), Gabriel Jorge Ferreira. Ele admitiu que as taxas cobradas pelas instituições financeiras ainda estão num nível bastante elevado e a procura por crédito, mesmo nas linhas garantidas por acordos de desconto em folha, permanece baixa.

Ferreira elogiou a atuação do primeiro ano do governo Lula, mas afirmou que ainda é preciso fazer algumas correções no sistema judicial, oferecendo às instituições financeiras mais garantias de recuperação de empréstimos não pagos. Com isso, afirmou, o spread bancário (diferença entre o que o banco paga para captar recursos e o que ele cobra para emprestá-los) poderá cair, como sonha a equipe econômica. Na pauta da convocação extraordinária do Congresso, está a aprovação da Lei de Falências, que facilitaria este processo.

Ferreira ainda disse que não precisa haver ''sangria desatada'' para a aprovação da autonomia do BC. Isso porque, na prática, a autoridade monetária já demonstrou independência para subir ou cortar juros.

Já o Departamento do Tesouro dos EUA vê barreiras para o avanço da economia brasileira. Ontem, o subsecretário John Taylor afirmou que o Brasil ainda não conseguiu atingir níveis de produtividade que possibilitem ao país aproveitar o seu ''dramático'' potencial de crescimento.

"Ainda não vimos taxas de crescimento no patamar que poderiam estar", disse Taylor, que, no entanto, elogiou a condução da política econômica pelo governo.

CLAUDIO DE SOUZA
EDNA SIMÃO
do Jornal do Brasil

   
 
 
 

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