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saúde
20/01/2004
Governo apura ação política em transplante

O Ministério da Saúde informou ontem que abriu sindicância para apurar a suposta interferência de políticos na fila de transplante de medula óssea. O caso foi revelado anteontem pelo jornalista Elio Gaspari, em sua coluna na Folha. O texto informava que "um hierarca" do ministério teria mandado furar a fila de exames de realização de transplante para beneficiar um paciente.

A suposta interferência causou ontem o pedido de demissão do diretor do Centro de Transplantes de Medula Óssea do Inca (Instituto Nacional de Câncer), Daniel Tabak. Ele se demitiu dizendo discordar da ação de políticos no processo de escolha dos pacientes que estão na fila de espera por um transplante de medula óssea. A coluna também informava sobre o pedido de demissão de Tabak.

Ele entregou ontem à direção do instituto um documento expondo as razões de sua saída. Tabak afirmou que o motivo "é a incapacidade de coordenar o programa, que está sendo conduzido por critérios que não foram os estabelecidos inicialmente".

A revista "Época" desta semana publicou uma reportagem afirmando que o deputado federal Antônio Serafim Venzon (PSDB-SC) pediu a interferência do ministro Humberto Costa em favor de um paciente de 13 anos.

"Infelizmente, foi um caso que foi resolvido por interferência de um deputado. Imagino que um grande número de pacientes não consegue resolver seus problemas porque não tem um padrinho. É preciso reformular o sistema", disse o deputado, que afirmou não saber se o paciente em questão furou alguma fila de exame, mas acrescentou: "Sou grato ao ministro Humberto Costa e aos seus interlocutores por terem sido muito prestativos ao dar um andamento rápido ao caso".

O ministro da Saúde nega que tenha interferido em favor do paciente ou conversado com o deputado sobre o assunto.

A definição dos casos mais urgentes para transplante da medula óssea é um processo mais complexo do que o usualmente adotado em casos de transferência de outros órgãos, como rins ou coração. Isso porque não basta ter o mesmo tipo sanguíneo de um doador para fazer o transplante.

No caso da doação de medula óssea, é preciso avaliar também se há compatibilidade genética entre o doador e o receptor. A busca por doadores compatíveis é feita em bancos de dados de todo o mundo quando não há doadores compatíveis na própria família.

Os exames para determinar a compatibilidade entre doadores também não são simples e, uma vez confirmada a possibilidade de transplantar a medula óssea, o procedimento para importação e transplante do tecido é caro -varia de US$ 25 mil a US$ 35 mil (de R$ 71 mil a R$ 99.500).

De acordo com Tabak, os recursos disponíveis no Ministério da Saúde não cobrem todos os gastos e é preciso utilizar recursos da Fundação Ary Frauzino (instituição de apoio do instituto) para viabilizar o transplante.

Outro lado
A direção do Inca não quis se pronunciar sobre a saída de Tabak ontem porque o Ministério da Saúde divulgaria uma nota sobre o caso e porque o diretor do instituto, José Gomes Temporão, ainda não havia lido o relatório feito pelo médico demissionário.

"Diante de denúncias veiculadas na imprensa, o Ministério da Saúde decide abrir sindicância para investigar supostas irregularidades na fila de exames para transplantes de medula óssea", informa a nota.

O documento do instituto afirma também que, "para assegurar total transparência no procedimento, o Ministério da Saúde solicitará ao Ministério Público Federal que designe um membro seu para acompanhar as investigações. A sindicância terá o prazo de 30 dias para apresentar o seu relatório final".

ANTÔNIO GOIS
da Folha de S. Paulo, sucursal do Rio

   
 
 
 

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