SÃO PAULO - Apenas 47% dos 5.507 municípios
brasileiros possuem os quatro serviços básicos
de saneamento: abastecimento de água, coleta de esgoto,
drenagem urbana e coleta de lixo, sendo que este último
é o que tem maior abrangência no país.
Em 2000, eram coletadas 125 mil toneladas de lixo domiciliar
no Brasil, uma quantidade expressiva. As informações
estão no "Atlas de Saneamento", lançado
nesta segunda-feira (Dia Mundial da Água) pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE).
Segundo a publicação, enquanto serviços
de rede de água e de coleta de lixo estão presentes
na maioria das cidades brasileiras, as redes sanitárias
de esgoto estão "especialmente concentradas na
região sudeste e nas áreas mais urbanizadas
das demais regiões do País".
O "Atlas de Saneamento" revela, em mapas, a difusão
espacial das redes de saneamento do território brasileiro
e interpreta os dados a partir das bacias hidrográficas,
unidades territoriais estratégicas de gestão
ambiental, conforme determina a Lei Federal dos Recursos Hídricos.
A publicação apresenta os resultados da Pesquisa
Nacional de Saneamento Básico 2000 (PNSB), que indica,
por exemplo, a presença de redes de água, esgoto,
serviços de coleta de lixo e limpeza urbana na maioria
dos municípios brasileiros, e analisa sua distribuição
pelas bacias hidrográficas, mostrando que o esgoto
sanitário é uma das principais fontes de poluição
dos mananciais.
De acordo com o Atlas, na grande maioria das bacias hidrográficas,
o volume de esgoto coletado é bastante inferior ao
volume de esgoto produzido pela população. No
Sudeste, cerca de 95% é coletado. Nas bacias do Rio
da Prata e do São Francisco, o segundo maior índice
de coleta, este número já cai para 63%. Se pouco
esgoto é coletado, menos ainda é tratado. Segundo
a pesquisa, em 2000, menos de 50% do esgoto coletada recebia
os tratamentos adequados.
Ao todo, em 2000, havia 116 municípios brasileiros
(2% do total) sem abastecimentos da rede geral de água,
a maioria situada nas regiões norte e nordeste. Os
municípios que ão são abastecidos pela
rede geral de água precisam de soluções
alternativas, como chafarizes, poços particulares e
caminhões-pipa.
Poluição
Um dos principais agentes poluidores dos mananciais é
o esgoto sanitário. Atividades mineradoras também
têm grande influência. Na bacia amazônica,
por exemplo, a atividade mineradora é importante fonte
poluidora, mas os mananciais também são afetados
pela precariedade da rede de esgotamento sanitário
na região, onde apenas 7% dos distritos-sede de municípios
coletam e tratam o esgoto.
Saúde pública
O Atlas também mostra, por regiões, as doenças
relacionadas à falta de esgoto sanitário. A
hepatite A e a febre tifóide, assim como a maioria
das diarréias, são doenças adquiridas
pelo consumo de água contaminada por dejetos, ligadas,
portanto, com a distribuição e o tratamento
de água de abastecimento. A publicação
apresenta número de mortes, proporcionais à
faixa etária, causadas por esse tipo de doença.