Sete empresas
brasileiras de grande porte não cumprem recomendações
das Nações Unidas sobre a organização
e a elaboração de seus relatórios ambientais
nem lançam nos balanços financeiros informações
sobre passivos por danos ao ambiente.
Três dessas firmas reduziram de 2002 para 2003 seus
investimentos em ambiente. Os dados constam de estudo da Faculdade
de Ciências Contábeis da UFRJ (Universidade Federal
do Rio de Janeiro), divulgado ontem, com base na Unctad (Conferência
das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento).
O trabalho afirma que as siderúrgicas CST, CSN, Gerdau
e Usiminas, além de Petrobras e Aracruz (papel e celulose),
deixaram de seguir padrões do Isar (International Standards
Accounting Reporting), da Unctad.
As empresas que reduziram gastos com o ambiente foram a Cosipa,
a CSN e a Usiminas. As outras quatro aumentaram as despesas.
Procuradas pela Folha, as empresas contestam os valores. Algumas
dizem que investiram mais e que, muitas vezes, no balanço
os gastos aparecem discriminados sob outras rubricas. Segundo
elas, isso pode ter prejudicado os resultados da pesquisa.
É o caso da Petrobras, que diz que seus investimentos
em ambiente subiram de R$ 1,9 bilhão em 2002 para R$
2,3 bilhões em 2003. O estudo afirma que a estatal
desembolsou menos tanto em 2002 (R$ 797,5 milhões)
como em 2003 (R$ 948,2 milhões).
A empresa diz ainda que o Isar não é normativo,
mas apenas uma referência. "Existem outros padrões
internacionais", disse o gerente da área de ambiente
da Petrobras, Luís César Stano.
A própria coordenadora da UFRJ responsável pelo
estudo, Aracéli Ferreira, reconhece que isso pode ter
ocorrido, mas defende que o trabalho mostra que falta transparência
às empresas ao divulgar suas ações ambientais.
Segundo ela, as companhias temem, em alguns casos, reconhecer
em seus balanços que possuem passivos ambientais em
razão de possíveis ações na Justiça.
Aracéli diz ainda que, mesmo no caso das empresas que
aplicaram mais, o gasto não cresceu na mesma proporção
da receita. Ela citou a Petrobras, cujos gastos subiram 18,89%
e a receita, 38,4%.
As informações são
da Folha de S.Paulo.
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